quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Mãos sem raquetes

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Paulo Cleto

O certo seria fazer um balanço do Pan Americano. Afinal esse foi o assunto esportivo das últimas duas semanas. Para ser curto e grosso, não há muito para se falar. Os resultados, assim como a ausência deles, foi o esperado. Que nenhuma das tenistas brasileiras tenha conseguido uma medalha nas simples não dá para dizer que seja uma surpresa. Afinal, a melhor no ranking mundial, Jenifer Widjaja, 211, foi-se na segunda rodada, após uma “marcação” da CBT, que permitiu que a moça não fosse colocada como cabeça-de-chave, como deveria. E ainda acham que são “profissionais”. A vitória nas duplas aconteceu para cima de duas americanas infanto-juvenis, que simplesmente “congelaram” na final, perdendo dez games seguidos após sacarem para vencer o 1º set. Na chave masculina, que, tirando os brasileiros, estava mais para um “future” dos mais fraquinhos, não apareceu ninguém para jogar. Americanos, argentinos, peruanos e chilenos fingiram que o Pan não existia. Como não podia deixar de ser, os melhores brasileiros – tirando o Guga, mas esse não conta – compareceram, já que era uma boa hora para o marketing pessoal. E como o Ricardo Mello não foi chamado – e não me venham com insinuações que existe uma “panelinha” na CBT! –, quem aproveitou a chance foi Flavio Saretta. O rapaz pode ser um tanto imprevisível, mas sabe jogar e tem o instinto que os campeões possuem, de enfiar a mão na bola em momentos cruciais das partidas. Uma pena que Saretta não tenha tantas outras qualidades necessárias aos campeões e que não consiga ser mais regular com as qualidades que tem.Em duas ocasiões – na semifinal e na final - Saretta se viu contra a parede e reagiu. Sem esse poder de reação, que seu talento e arsenal permitem, o tênis masculino teria naufragado tristemente. Saretta não fez mais nada do que a obrigação. Mas fez, e na maioria das vezes está bom demais.Não vai ser por conta do Pan que o tênis, ou o esporte brasileiro em geral, vai sair da periferia que habita. Os bilhões de reais gastos foram parar em mãos que não empunham raquetes. Acabou o Pan e os tenistas, e todos os esportistas nacionais, voltam à triste realidade de ausência de amparo e investimentos. Mas se o leitor tiver aí uma idéia para gastar uns bilhões, sem precisar dar muita satisfação de como vai gastá-lo, é bem capaz de os caras lá em Brasília o receberem de braços abertos.

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