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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pan, uma chance desperdiçada




Pan, uma chance desperdiçada

14.06.2007-REVISTA EXAME-Por Samantha Lima
O caos na organização dos Jogos Pan-Americanos e o pouco benefício que eles devem trazer ao Rio evidenciam quanto se planeja mal no Brasil oficial

Atletas brasileiras: busca da vitória e torcida para que não haja um vexame

Um dia após a entrega da última medalha dos Jogos Olímpicos de 1992, os moradores de Barcelona, na Espanha, acordaram diante de uma nova realidade. Encerrada a movimentação de atletas e visitantes, restou uma cidade reurbanizada e moderna. Encantados, os turistas se multiplicaram -- desde então, o número dobrou para 5 milhões de pessoas por ano, o equivalente ao que o Brasil todo recebe. O ciclo de desenvolvimento iniciado com os preparativos dos jogos não parou mais. O impulso partiu do investimento de 10 bilhões de euros na preparação da cidade para abrigar o evento -- 60% destinados a obras de infra-estrutura. Barcelona foi do 11o para o sexto lugar entre as melhores cidades da Europa para realizar negócios, desbancando Milão e Zurique. No Rio de Janeiro, quando o último atleta for embora após os Jogos Pan-Americanos, em julho, restará aos moradores uma sensação de ressaca. Nenhum dos projetos custeados pelo orçamento de mais de 3 bilhões de reais -- oito vezes a previsão inicial -- mudará em um milímetro problemas graves da cidade. As propostas de melhorias ambientais e nos transportes, alardeadas como legado do evento, ficaram pelo caminho. Ao que tudo indica, o Pan caminha para ser mais uma espetacular chance perdida de recuperação da infra-estrutura da cidade -- ao contrário, é bem possível que no futuro seja lembrado como mais um caso de falta de planejamento e estouro de contas pagas com dinheiro público sem apresentar o resultado prometido. "O Rio ganharia muito mais se gastasse na busca de soluções de seus reais problemas, não no Pan", diz o economista americano Allen Sanderson, da Universidade de Chicago e estudioso do tema.
Quando o Rio se candidatou a sediar o Pan, em 2002, criou-se uma expectativa de que a cidade passaria por grandes mudanças. E não foi à toa. O grupo responsável pela candidatura, formado pelo Comitê Olímpico Brasileiro e por integrantes dos governos municipal, estadual e federal, se esforçou para impressionar a Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), responsável pelos eventos. Para desbancar a americana San Antonio, a equipe apresentou inúmeros projetos de melhoria na infra-estrutura carioca. Da Barra da Tijuca, que abrigará os 5 662 atletas e 70% das competições, sairiam uma nova linha de barca até o centro, uma linha de metrô e um bonde até o aeroporto. A engarrafada via expressa que liga o bairro à zona sul seria duplicada. Cinco lagoas da região seriam despoluídas. Era de esperar que o Rio, guardadas as devidas proporções entre uma olimpíada e um pan-americano, realizasse algo na linha do que fez Barcelona. Após a olimpíada, a cidade espanhola ganhou uma nova orla, vias expressas e novas redes de telecomunicações e de esgoto. No Rio, porém, o orçamento estourou sem que nada similar saísse do papel. "Aquele era o momento de pensar em soluções para problemas como falta de segurança, transporte deficiente e poluição, em especial a da Baía de Guanabara", diz Georgios Hatzidakis, diretor da consultoria Olympia Sports, de São Paulo. "A cidade perdeu uma bela oportunidade de melhorar."

Grupo de Trabalho promove dinâmica com comunidades beneficiadas pelo Legado do Pan

Grupo de Trabalho promove dinâmica com comunidades beneficiadas pelo Legado do Pan

Data: Sexta, 26 de Janeiro de 2007 - 12:58:39 (GMT)

A Secretaria-Executiva do Comitê de Gestão do Pan 2007 (Sepan) realizou nos dias 22 e 23 de janeiro, o Seminário de Diagnóstico Social do Pan 2007, para reforçar a integração do governo federal com comunidades beneficiadas pelo Legado Social dos Jogos Pan-americanos. O evento foi promovido em conjunto com a organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Observatório de Favelas e com a ONG Centro de Promoção da Saúde (Cedaps).
O secretário-adjunto da Sepan, Adilson Pires, e o coordenador do Legado Social, José Ribamar Pereira Filho, estiveram presentes à dinâmica, que envolveu uma rodada de perguntas e interatividade com as lideranças comunitárias. José Ribamar destacou a conexão de atividades sociais de diversos órgãos do governo em diferentes áreas. "A idéia é ampliar o comitê de gestão do legado para articular cada vez mais iniciativas públicas no Rio e no Brasil.", afirmou.
A integração de programas do Legado foi elogiada pela líder comunitária Sônia Regina, do Morro do Urubu, zona norte do Rio. "Na nossa comunidade, os jovens que participam das aulas de guias cívicos são, ainda, multiplicadores do saber sobre saúde e prevenção a doenças sexualmente transmissíveis/Aids", comentou a líder, referindo-se a dois projetos do governo federal, associados em torno do Pan 2007.
O projeto Guias Cívicos, da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, desenvolve capacitação de jovens para atuarem como guias durante o evento; e a Campanha Nacional de Prevenção da Aids, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, é organizada este ano com a mobilização de atletas e voluntários dos Jogos de 2007 para a conscientização da importância do uso da camisinha e do combate ao preconceito. A Campanha será realizada em conjunto com Ministério da Saúde (Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids), Ministério do Esporte, ONU (Fundo de População e Desenvolvimento) e Caixa Econômica Federal (CEF).
Legado SocialO Grupo de Trabalho do Legado Social do Pan 2007 é coordenado pelo Ministério do Esporte e integrado por mais oito ministérios. O objetivo do Governo Federal é ampliar o atendimento em locais em risco social na cidade-sede dos Jogos Pan-americanos, a partir de programas já existente. Após os Jogos, a diretriz do Grupo de Trabalho é ampliar a experiência para todo o país.
As ações envolvem oito programas, de cunho sócio-esportivo, sociocultural, sócio-educacional e de segurança pública, que são articulados e estendidos a 50 comunidades da capital fluminense. Os locais de atuação foram selecionados a partir de triagem da Oscip Observatório de Favelas, que considerou fatores como a proximidade às instalações esportivas e não esportivas dos Jogos, a densidade demográfica e a situação de risco social.

O legado do Pan 2007

Especial-istoé-28/07/2004

O legado do Pan 2007

A realização dos Jogos Pan-Americanos vai alémdo esporte: movimentará US$ 1 bilhão no Rio
A passagem da tocha olímpica pelo Rio de Janeiro, a caminho de Atenas, no início de junho, teve um duplo efeito. Foi uma festa magnífica, regada a choro de Pelé e sorriso aberto de Ronaldo – mas, por ter ocorrido logo depois da desclassificação do Rio como cidade candidata às Olimpíadas de 2012, foi quase uma má lembrança. Numa outra ponta, contudo, iluminou um evento esportivo, o Pan 2007 – ele sim capaz de alterar para sempre o perfil carioca, como ocorreu, por exemplo, com a até então maltratada Barcelona, em 1992. Os Jogos Pan-Americanos no Rio permitem vislumbrar um belo legado para a cidade. Trata-se, hoje, de uma prova de fundo, uma maratona que começou em 1999, durante a gestão do prefeito Luís Paulo Conde e do então governador Garotinho, e terminará depois de 2007. “Não é um evento de apenas quinze dias, mas um motor de negócios que abre uma década de oportunidades”, diz Carlos Roberto Osório, secretário-geral do Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos de 2007.
Para todos os envolvidos na organização do evento, e sobretudo para quem está de olho em boas oportunidades para fazer dinheiro, a competição já começou. Há desembolso da iniciativa privada, da Prefeitura e dos governos estadual e federal.“É uma fascinante costura política”, resume Osório. Na ponta do lápis, o resultado desse armistício é fascinante. O orçamento preliminar dos Jogos estima um gasto de US$ 224 milhões. Apenas na construção da Vila Pan-Americana, para 5 mil atletas, numa parceria entre a construtora Agenco e financiamento especial do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, serão desembolsados R$ 350 milhões. Depois de apagada a tocha, os apartamentos serão vendidos para a população de classe média da Barra da Tijuca, onde o conjunto será construído. A Prefeitura construirá o Estádio João Havelange, com capacidade para 45 mil pessoas e adaptado a todos os esportes olímpicos. Para os jogos, serão criados 20 mil novos empregos, além do trabalho de 15 mil voluntários.
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra que, em eventos deste porte, a economia local gira cerca de seis vezes o investimento direto com a organização. Em outras palavras: o Pan 2007 movimentará algo em torno de US$ 1 bilhão.

Políticos querem que legado do Pan dê lugar a shopping e shows

30/07/2007 - 10h41-Rodrigo BertolottoEnviado especial do UOLNo Rio de Janeiro

Políticos querem que legado do Pan dê lugar a shopping e shows

O clima é de fim de feira no Rio após o Pan-Americano, mas, pelos projetos dos governantes locais, parte dos cenários que viram a campanha recordista do Brasil vai virar palco de outras feiras, se transformando em shopping, centro de convenções, hotel ou casa de shows.

Pólo Aquático foi jogado no parque Julio Delamare, um dos alvos de Sérgio Cabral

O estádio de remo da lagoa Rodrigo de Freitas pode virar um "espaço cultural"

O velódromo que usou madeira da Sibéria pode ser transformado em casa de shows
O governador do Rio, Sérgio Cabral, já apresentou o projeto de demolir o tradicional parque Julio Delamare, que recebeu as partidas de pólo aquático. A idéia também colocaria abaixo o estádio de atletismo Célio de Barros - ambos fazem parte do Complexo do Maracanã, como o ginásio Maracanãzinho."Esses espaços não são tombados e podem ser convertidos em equipamentos que completariam o Maracanã, como estacionamento, shopping e outros", disse o mandatário fluminense, ao apresentar a idéia para a empresa que reconstruiu o estádio de Wembley, na Inglaterra.Apesar da revolta dos dirigentes de atletismo e natação, Cabral está mais preocupado com a perspectiva de o Brasil sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. A pista do Célio de Barros é local de treinamento de 150 atletas, enquanto as piscinas do Julio Delamare são utilizadas em programas de inclusão esportiva e formação de base de nadadores.O prefeito carioca, César Maia, apoiou a iniciativa do governador, enfatizando que só o Maracanã é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)"O importante é o funcionamento do Maracanã, com seus Fla-Flus", afirmou o prefeito, mostrando que, mesmo com o Pan recém-acabado, a cultura futebolística é a que predomina para o político.O Estádio de Remo, situado na lagoa Rodrigo de Freitas, é outro alvo dos governantes. Já no projeto inicial, o local teria um shopping, mas a obra foi parcialmente embargada após ação civil. A idéia é fazer um "espaço cultural", com cinemas, restaurantes e estacionamento. Os moradores da vizinhança não querem uma construção tampando a vista para o cartão postal carioca.O governador disse que o legado para os remadores são as raias e os barcos, mas vai insistir para ter a "área de entretenimento" por lá. Para o Pan, parte das arquibancadas foram construídas com tubulações provisórias no terreno que vive a briga judicial.Já César Maia quer transformar outras construções feitas para esportes bem específicos em "locais mais rentáveis". Sua proposta é fazer do parque aquático Maria Lenk um local para jogos de tênis e espetáculos musicais."Estamos pensando em criar uma base para que sejam disputados jogos de tênis, além de shows. A natação não é rentável", sentenciou o prefeito, esquecendo que logo ao lado se situa a Arena Multiuso, usada para a ginástica e o basquete no Pan, que pode facilmente ser convertida em local para apresentações musicais. Somadas as idéias de Maia e Cabral, o Rio vai ficar sem nenhuma das piscinas que viram a natação, o pólo, o salto ornamental e o nado sincronizado ganharem medalhas para o país.O prefeito, porém, tem também outra idéia para o Velódromo, construído próximo ali em área que correspondia ao autódromo de Jacarepaguá. Mesmo com o déficit de locais especializados em receber eventos de ciclismo no país e com o detalhamento dos materiais que foram importados para receber o evento das bicicletas (o piso é de pinho da Sibéria), a prefeitura do Rio quer aumentar a capacidade de público e fazer um tratamento acústico para transformar o local em casa de shows.Pelas pranchetas dos governantes do Rio, saem os atletas das arenas do Pan e entram os artistas, os consumidores de shopping ou os executivos em congressos - como vai acontecer no Riocentro, centro de convenções que abrigou dez modalidades do Pan, além dos centros de imprensa e TV montados para a competição. Até o final do ano, local vai abrigar uma feira de veterinária, além da Bienal do Livro. Saem os medalhistas, entram os cães e gatos.

sábado, 18 de agosto de 2007

Legado dos Jogos coloca Rio de Janeiro em xeque

14/01/2007 - 12h21/GUILHERME ROSEGUINIda Folha de S.Paulo
Legado dos Jogos coloca Rio de Janeiro em xeque

O Pan-Americano que o Rio vai receber dura pouco. As provas se estendem entre 13 e 29 de julho, mas o impacto na vida do brasileiro não acaba na cerimônia de encerramento.Após a conclusão das disputas, organizadores serão cobrados por um tema cada dia mais importante e polêmico no mundo dos esportes: o legado.

É o momento de provar que o testamento deixado pelos mais de R$ 3,5 bilhões investidos pelo poder público será pródigo em benefícios para o país. É a hora de mostrar que ginásios, quadras, estádios e piscinas foram projetados para atender competidores e população após os 15 dias de Jogos.Um desafio que o Comitê Olímpico Internacional classifica como prioritário para um país que almeja abrigar uma Olimpíada --o Rio é candidato a receber o torneio em 2016."Um evento esportivo pode reerguer ou arruinar uma cidade. Não se pensa em legado quando a competição acaba. Tudo deve ser feito na concepção dos projetos e lapidado na fase que o Rio vive agora", diz Gilbert Felli, diretor do COI.O suíço é um dos especialistas que a Folha procurou para discutir as obras erguidas do Pan. Em comum, surge um discurso crítico: a cidade planejou mal o legado do maior torneio das Américas e perdeu incrível chance de prosperar.A tese é rebatida pelo comitê organizador, pelo governo federal e pela Prefeitura do Rio. Tal contenda começa no plano estrutural da cidade..Ele acredita que modificações nas redes de saneamento, por exemplo, poderiam equiparar Perito em instalações esportivas com prêmios internacionais no currículo, o arquiteto Eduardo Castro Mello lamenta o descaso com obras de infra-estrutura geral, que classifica como as mais importantes.
Ele acredita que modificações nas redes de saneamento, por exemplo, poderiam equiparar o Rio a um dos casos mais bem-sucedidos da história olímpica, em referência aos Jogos de Barcelona-1992.Os catalães aproveitaram a competição para recuperar espaços degradados próximos ao mar, mudaram o porto de posição e entregaram um balneário novo aos moradores."O Rio também tem áreas costeiras que poderiam ser reabilitadas, como a baía da Guanabara, hoje poluída. Imagine o impacto disso para o turismo. Só que, por falta de planejamento, ficou na promessa." A lista de oportunidades perdidas não pára por aí.Para Armando Mendes, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, a propalada melhora no sistema de transportes, especialmente na região da Barra da Tijuca, na qual boa parte das provas será realizada, acabou esquecida."Redes de metrô estão no papel há décadas e sempre são promessas de campanha. Estavam na candidatura do Rio para a Olimpíada de 2008, integravam o projeto do Pan e serão prometidas para a Copa de 2014. Mas não são executadas."Em 2004, o COI já havia apontado falhas no setor. No relatório que sentenciou a eliminação do Rio da disputa pela Olimpíada-2012, o comitê disparou: "Os sistemas de transporte estão sobrecarregados".Instalações esportivas também são recebidas com ressalvas. Segundo o engenheiro Fernando Telles, profissionais escolhidos para projetar as praças não foram municiados com informações importantes para a projeção do legado."Faltou pesquisa. Antes de erguer qualquer obra, é preciso conhecer a demanda do país e da cidade, o interesse do público. Isso influi em tudo, até no tamanho das arquibancadas."Membro da Iaks (Associação Internacional para Instalações Esportivas e de Lazer, na sigla em alemão) e ex-atleta olímpico (participou em Roma-1960 nos saltos ornamentais), Telles encontra vozes de apoio.Castro Mello participou, como consultor, de seis projetos do Pan. Recebeu análises produzidas por técnicos australianos e alemães contratados pelos financiadores. Não gostou."Os estudos preliminares eram alienígenas, fora da nossa realidade. Não existiam dados suficientes para planejar o uso pós-Pan", afirma o arquiteto. Um exemplo prático ocorreu no velódromo, desenhado pelo alemão Hermann Tilke, o preferido da F-1, para receber o ciclismo. Inicialmente, seria uma instalação temporária.Depois, a idéia era construir ginásio climatizado para 2.500 espectadores --custo de R$ 35 milhões. Nova guinada ocorreu, e o desenho mais recente registra espaço para 1.500 pessoas e ventilação natural. São reviravoltas que, para Telles, indicam graves falhas."As coisas mudam ao sabor do humor dos políticos. Se, com base em estudos, concluímos que precisamos de um velódromo, façamos. Se não há perspectiva de atração no futuro, elaboramos um desmontável. É simples. Mas você acha que alguém pensou nisso?"

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Mãos sem raquetes

http://www.tenisnet.com.br/

Paulo Cleto

O certo seria fazer um balanço do Pan Americano. Afinal esse foi o assunto esportivo das últimas duas semanas. Para ser curto e grosso, não há muito para se falar. Os resultados, assim como a ausência deles, foi o esperado. Que nenhuma das tenistas brasileiras tenha conseguido uma medalha nas simples não dá para dizer que seja uma surpresa. Afinal, a melhor no ranking mundial, Jenifer Widjaja, 211, foi-se na segunda rodada, após uma “marcação” da CBT, que permitiu que a moça não fosse colocada como cabeça-de-chave, como deveria. E ainda acham que são “profissionais”. A vitória nas duplas aconteceu para cima de duas americanas infanto-juvenis, que simplesmente “congelaram” na final, perdendo dez games seguidos após sacarem para vencer o 1º set. Na chave masculina, que, tirando os brasileiros, estava mais para um “future” dos mais fraquinhos, não apareceu ninguém para jogar. Americanos, argentinos, peruanos e chilenos fingiram que o Pan não existia. Como não podia deixar de ser, os melhores brasileiros – tirando o Guga, mas esse não conta – compareceram, já que era uma boa hora para o marketing pessoal. E como o Ricardo Mello não foi chamado – e não me venham com insinuações que existe uma “panelinha” na CBT! –, quem aproveitou a chance foi Flavio Saretta. O rapaz pode ser um tanto imprevisível, mas sabe jogar e tem o instinto que os campeões possuem, de enfiar a mão na bola em momentos cruciais das partidas. Uma pena que Saretta não tenha tantas outras qualidades necessárias aos campeões e que não consiga ser mais regular com as qualidades que tem.Em duas ocasiões – na semifinal e na final - Saretta se viu contra a parede e reagiu. Sem esse poder de reação, que seu talento e arsenal permitem, o tênis masculino teria naufragado tristemente. Saretta não fez mais nada do que a obrigação. Mas fez, e na maioria das vezes está bom demais.Não vai ser por conta do Pan que o tênis, ou o esporte brasileiro em geral, vai sair da periferia que habita. Os bilhões de reais gastos foram parar em mãos que não empunham raquetes. Acabou o Pan e os tenistas, e todos os esportistas nacionais, voltam à triste realidade de ausência de amparo e investimentos. Mas se o leitor tiver aí uma idéia para gastar uns bilhões, sem precisar dar muita satisfação de como vai gastá-lo, é bem capaz de os caras lá em Brasília o receberem de braços abertos.

domingo, 12 de agosto de 2007

legado do Pan

legado do Pan -cartacapital
por Sócrates
Se temos de aplaudir alguém, são os nossos abnegados atletas. Muitos vivem, treinam, vestem-se e alimentam-se com pouco mais de um salário mínimo por mês

Sócrates
Os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, divulgados por muitos como um sério concorrente ao monumento do Cristo Redentor como uma das maravilhas do mundo moderno, não conseguem esconder as nossas escaras, ainda que curativos dos mais modernos tenham sido utilizados para tentar encobri-las.
Entre os equipamentos esportivos, que receberam grandes investimentos para mostrar ao mundo que teríamos no futuro condições de receber uma Olimpíada, percebemos diferentes classes e contrastes, como se estivéssemos reproduzindo a realidade do nosso País. Enquanto a chamada arena olímpica tem o glamour dos bem-sucedidos por competência ou herança, o espaço dedicado aos jogos de beisebol e softbol sofreu com o descaso dos que o escolheram como local para as competições e reagiu, muitas vezes impedindo a realização de vários confrontos, inclusive na disputa de medalhas. Os responsáveis talvez não saibam que a natureza não admite negligências, sejam quais forem, e as explicações, como sempre, fugiam da lógica como se tudo inevitável fosse.
O parque aquático é realmente uma beleza com suas águas transparentes e límpidas e recebeu um público muito bom para acompanhar as provas de natação. Por outro lado, a nossa Poliana, que perdeu por apenas uma braçada a maratona aquática, disputada na praia de Copacabana, não conseguiu competir na prova dos 800 metros na piscina. Contraiu uma infecção intestinal por causa dos coliformes fecais que ingeriu durante a competição marítima. Imagino o que sofreram com a poluição os atletas do iatismo que competiram na Baía de Guanabara ou os do remo que ocuparam a Lagoa Rodrigo de Freitas. A baía e a lagoa são belezas desfiguradas pelo descaso e que deveriam, no mínimo, ter sido objeto de muitos cuidados para estes Jogos.
Mas o objetivo nunca foi deixar para a cidade melhorias que permitissem mais qualidade de vida. Nunca nos preocupamos em investir no ser humano ou nas condições que ele deve ter para uma existência digna e, sim, em monumentos de concreto como o Redentor para que estes possam perpetuar um nome, uma ideologia, ou apenas registrar uma determinada data.
Os espaços dos esportes pouco conhecidos estão mais para campos de várzea e suas instalações são provisórias. Prega-se a altos brados que as obras feitas para o Pan-Americano, aos esportes que poderíamos chamar de elite, ficarão como legado para a cidade. Como se o Estádio João Havelange, o Engenhão, a partir do fim dos Jogos se tornasse um bem popular e suas portas ficassem sempre abertas para a comunidade que o cerca. Como se o carioca, de uma hora para outra, resolvesse praticar ginástica artística em massa e passasse a utilizar diariamente os equipamentos trazidos para o Pan ou pudesse usar as piscinas do parque aquático como um clube de acesso irrestrito. Isso sem falar do estádio de tiro, que naturalmente serviria para o treinamento de boa parte da população que ainda não sabe se defender da guerra civil existente na cidade há anos.
Nem os atletas, creio, poderão usufruir dessas construções, já que os interesses econômicos sempre estarão à frente de quaisquer outros. O Célio de Barros, estádio de atletismo vizinho ao Maracanã, parece que vai desaparecer para que no espaço seja erguido um shopping center, com interesses bem distantes dos esportivos. Assim, o atletismo perderá o seu centro de desenvolvimento de atletas e não terá substituto, já que dificilmente outro será destinado a tal com as mesmas vantagens estratégicas.
Se temos de aplaudir alguém, nestes Jogos, são os nossos abnegados atletas. Muitos vivem, treinam, vestem-se e se alimentam com pouco mais de um salário mínimo por mês. As reclamações de vários deles certamente têm razões de sobra para existir. Alguns que se manifestaram foram os nadadores Joana Maranhão e o nosso maior velocista e o atleta de esgrima, eliminado por um teste de Cooper com resultados aquém do limite exigido. Como se esse tipo de avaliação fosse fundamental para o desempenho nessa modalidade.
Enfim, são tantos os problemas para nossos atletas poderem chegar a disputar medalhas em condições de alto rendimento que o que eles fazem está perto de ser milagroso. Milagres tratados com tal euforia que até parece que já somos uma potência olímpica. Pequim-2008, infelizmente, nos mostrará que não. Assim como o encerramento do Pan devolverá ao Rio de Janeiro a realidade contida durante esses 15 dias de sonho.