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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Como fica a segurança no Rio pós-Pan

29/07/2007 - 15h51 - Atualizado em 30/07/2007 - 13h54 -Aluizio Freire Do G1, no Rio

Como fica a segurança no Rio pós-Pan

Balanço oficial da Senasp só vai sair após o Parapan-americano, em agosto. Gastos com instalações de câmeras em locais estratégicos foi de R$ 52 milhões.

Chega ao fim os Jogos Pan-americanos neste domingo (29) e o carioca volta a se preocupar com o recrudescimento da violência.

A pergunta é: com o término do evento e a partida das delegações estrangeiras o Rio vai deixar de ser a ilha de segurança garantida nesses 17 dias?Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), apenas após o Parapan-americano, em agosto, será anunciado o legado que ficará para a cidade. Mas esta semana apresentam um balanço do trabalho realizado durante os jogos.
Um dos pontos positivos já comprovados pelas autoridades de segurança e que começa a ser discutida para utilização em áreas de risco é o monitoramento por câmeras. De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública (Seseg), as máquinas serão instaladas em pelo menos 50 pontos estratégicos. Os equipamentos, usados pelos 22 batalhões da Polícia Militar na Região Metropolitana do Rio, ajudaram a reduzir os índices de criminalidade nos pntos observados pelo Centro de Comando e Controle (CCO).Embora a secretaria e o comando-geral da PM mantenham esses locais em sigilo, sabe-se que serão priorizados os acessos de algumas favelas mais violentas pela presença de traficantes, como as comunidades do Alemão, Maré e Vila Cruzeiro, no subúrbio.
R$ 52 milhões em equipamentos
Foram investidos R$ 52 milhões na instalação dos equipamentos que cobrem com pelo menos dez câmeras a área de cada batalhão. As imagens captadas são exibidas nos monitores do CCO.Outra estratégia que a Seseg pretende utilizar como experiência bem-sucedida durante o Pan é a ronda especial em bairros da Zona Norte, que reduziu o número de roubo de carros. Para o prefeito Cesar Maia, a saída dos agentes da Força Nacional, que estão atuando com a Polícia Militar para garantir a segurança dos jogos na cidade, será sentida pela população. "A sensação de insegurança com menos policiamento ostensivo, certamente vai aumentar."Mas, além do policiamento, a cidade contou com um alto padrão tecnológico no esquema de segurança do Pan, a partir de investimentos nas parcerias entre os governos federal, estadual e municipal.

Legado
Um dos exemplos é o Centro de Inteligência dos Jogos (CIJ), instalado em Santo Cristo, no Centro, e ligado à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A finalidade do grupo que atua no centro é a prevenção e neutralização do terrorismo e de ações do crime organizado. Cerca de 250 agentes trabalharam no local.O secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, garantiu que o centro será um dos legados para a cidade após o fim das competições. "O estado terá mais capacidade de inteligência nas investigações. Será possível antever ações dos criminosos."Se for mantida a promessa do governo federal, o Rio também vai herdar um grande acervo tecnológico. No inventário, os aparelhos de rádio digital que devem ficar para a polícia; 1,2 mil computadores integrados aos sistema de segurança e outros 3,8 mil destinados a projetos de inclusão digital. A polícia do Rio ainda deve ficar com cerca de mil veículos usados para reforço da segurança. Eles foram utilizados pelas polícias Federal, Civil, Militar, Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal e Força Nacional em ações de policiamento ostensivo, patrulhamento, transporte de tropas e equipamentos, operações e escolta de delegações. Ao todo, foram 1.768 veículos, num investimento de R$ 100 milhões dos R$ 562 milhões que o governo federal diz ter aplicado na segurança dos jogos. Estima-se que 75% desses recursos fiquem para a cidade do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O Pan e a segurança no Rio

O Pan e a segurança no Rio
Por MAURÍCIO MURAD
Em todos os grandes eventos esportivos, a segurança é prioritária.
Preserva os investimentos, a integridade das pessoas, a festa popular.
Desenvolver a cooperação entre polícia e população, o binômio inteligência-prevenção e os fundamentos sócio-educacionais do esporte são exigências das entidades internacionais, para os jogos e para depois deles, como legado. Seul, Barcelona e Andorra são bons exemplos dessa estratégia.
O Rio lançou sua candidatura em 1998 e foi confirmado em 2002, quando venceu a final contra San Antonio, Texas/EUA, reduto eleitoral do presidente Bush, que mergulhou na campanha.
Em julho de 2007, foi feito um estudo sobre os Jogos Pan-americanos e a segurança no Rio, com 2410 homens e mulheres de diferentes idades, classe social e escolaridade, nas 15 áreas esportivas do evento.
Depois de 5 anos, 89% dos pesquisados não sabiam nada ou sabiam pouco do plano de segurança, que custou R$ 562 milhões, segundo dados oficias.
Pior que a desinformação, o objetivo de se criar um conceito novo de segurança, parece, não foi alcançado.
O envolvimento dos moradores, para se construir uma rede de apoio à ação das autoridades, tendeu a zero: quase nenhuma participação de associações, sindicatos, empresas, ongs.
"Por que não ouviram a sociedade?", perguntou um.
"Segurança tem que ser integrada, para aumentar a confiança e melhorar os resultados", concluiu outro.
E a conduta habitual da polícia em jogos e espetáculos foi considerada ruim (72%), também por isso: além do despreparo, o desconhecimento da realidade.
O que ficará de fato da segurança do Pan?
Nada ou pouco foi a resposta de 83%.
A descrença no discurso oficial e o sentimento de impunidade foram freqüentes em toda a pesquisa, quase unânimes entre os jovens (14 a 25 anos) e giraram em torno destas idéias: "isso é só pra gringo, depois a violência volta a correr solta. Pior que a corrupção é a impunidade e pior ainda é achar que é assim mesmo. Se precisamos tanto de valores, por que as escolas não participaram mais do Pan?"
Nota importante: foi observado um aumento da descrença e do sentimento de impunidade após o desastre aéreo, em SP, dia 17 de julho.
Que efeitos imediatos do Pan gostariam de ver para o Rio e até para outras cidades?
O policiamento ostensivo, que foi o maior ganho do Pan (78%), porque ajuda a reduzir o clima de insegurança, a criminalidade e a ação de flanelinhas, camelôs e cambistas, que ainda assim ficaram meio à vontade durante os jogos.
E mais: melhorias no transporte coletivo e no trânsito - "engarrafamento facilita arrastão"; na sinalização e iluminação da cidade - "escuridão incentiva violência"; leis duras e ações preventivas; integração entre município, estado e governo federal na área da segurança, considerada essencial (93%) para melhorar a qualidade de vida em todos os bairros estudados.
Houve também propostas estruturais, como aumentar o emprego e a renda, melhorar educação e moradia.
As sugestões imediatas predominaram nas classes mais altas.
As de longo alcance, nas camadas mais baixas.
Já entre os jovens, de classe, escolaridade e moradia diversas, houve coincidência na herança desejada: uma imediata – aplicar a lei – outra estrutural – mais emprego. Ambas vistas como complementares entre si, por 67% deles.
O Pan foi bonito e o Rio, uma cidade esportiva, não fez feio.
Instalações de alto nível voltadas para o futuro.
Mas poderia/deveria ter feito mais e controlado melhor os custos.
Esporte é atividade sócio-educativa, expressão de nossas identidades, fator de socialização.
Não resolve nossas questões básicas, mas pode agregar valores relevantes.
Então, que venham os resultados do Pan 2007!
Que os esportes ultrapassem os campos, as quadras, pistas, piscinas e contribuam para a inclusão, o desenvolvimento e a paz social.
Assim, o projeto de sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 terá mais legitimidade
.
Maurício Murad é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e do Mestrado da Universo.
do blog do juca kfouri