4/8/2007 20:10:00 -terra
Pan foi apenas o começo. Brasileiros em destaque nos Jogos ainda têm de brigar por vaga na Olimpíada
Ana Carla GomesDanielle RochaMartha Esteves/Rio -
No sertão pernambucano, Yane Marques nunca havia ouvido falar ‘nesse tal de pentatlo moderno’. O esporte, que inclui cinco modalidades (esgrima, tiro, equitação, corrida e natação), entrou na sua vida por acaso. Tricampeã sul-americana, ela garantiu o ouro inédito no Pan-Americano do Rio e a vaga olímpica para Pequim.
Aos 22 anos, dos quais menos de quatro dedicados ao esporte, Yane é a primeira do ranking nacional e tem boas expectativas para os Jogos de 2008. “Vou para brigar por medalhas, sim”, avisa a determinada atleta, décima no ranking mundial.
MAURREN NA BRIGA
O ranking da Federação Internacional de Atletismo, divulgado na segunda-feira, mostrou quatro brasileiros entre os cinco primeiros lugares em suas respectivas provas. A lista é feita com base nos seis melhores resultados de cada atleta nos últimos 12 meses, sendo que os resultados obtidos no Pan-Americano já foram considerados. Mesmo assim, eles, como outros representantes do atletismo nacional, ainda não têm vaga na Olimpíada.
A melhor posição no ranking é a de Maurren Maggi, ouro no Pan do Rio de Janeiro, que quatro anos depois, voltou a ocupar a liderança mundial do salto em distância. Na mesma prova, Keila Costa (prata) é a número 5 do ranking (e a 7ª no salto triplo). Jadel Gregório (ouro no Pan) é número 1 na lista de resultados da temporada, com a marca de 17,90m no triplo, e o segundo do ranking mundial. No salto com vara feminino, Fabiana Murer (ouro no Rio) aparece em terceiro lugar.
Todos eles, além do revezamento masculino 4x100m (ouro no Pan), têm índice, mas não estão garantidos na Olimpíada de Pequim, mas, segundo regras da Confederação Brasileira de Atletismo, precisam conseguir mais um bom resultado nas competições em 2008.
“Maurren e Keila estão quase na Olimpíada. No salto em distância, aposto que a Maurren disputa o ouro. Já a Keila tem mais chances no salto triplo”, arrisca o técnico da dupla, Nélio Moura.
No fim do mês, todos estarão disputando o Mundial de Osaka, no Japão. Nos meses iniciais de 2008, eles tentarão garantir a vaga olímpica nos diversos torneios programados, entre eles o Troféu Brasil e os GPs do Rio, de Belém e de Fortaleza.
Handebol feminino sai na frente
O handebol brasileiro, o melhor das Américas, já está garantido na Olimpíada de Pequim, graças ao primeiro lugar no Pan do Rio. Mas a Seleção feminina, comandada pelo técnico espanhol Juan Oliver, tem expectativas melhores do que a masculina. As meninas de ouro vão disputar o Mundial da categoria, em dezembro, na França. Já a Seleção masculina, que ainda não escolheu o treinador que vai substituir o também espanhol Jordi Ribera, ainda programa alguns amistosos internacionais.
Em Atenas, as meninas ficaram em sétimo lugar, enquanto a equipe masculina terminou em décimo. Para a capitã Lucila, que está desempregada porque o Jundaí, onde jogava, fechou as portas, a Seleção feminina vai melhorar a sétima colocação no Mundial da Rússia (2005), e brigar por medalha em Pequim.
“Estamos mais confiantes com os dois ouros seguidos em Pan-Americanos. Pelo progresso que demonstramos ano a ano, a medalha olímpica não é mais um sonho”, entende Lucila. Seu noivo, Maik, goleiro do time masculino, concorda: “As meninas têm mais chances de subir ao pódio”.
Diogo Silva espera verba do COB
A medalha de ouro deu brilho novo à carreira de Diogo Silva, que assim que deixou o pódio, reclamou da falta de apoio da Confederação Brasileira de Taekwondo. O atleta estava há três meses sem receber o irrisório salário de R$ 600,00, e pediu mais atenção dos dirigentes, que lhe prometeram um reajuste. Nem Diogo, Natália Falavigna (prata) e Marcio Wenceslau (prata) viram a cor desse dinheiro.
Fernando Madureira, técnico de Diogo e Natália, paga do próprio bolso o aluguel de R$ 700,00 da casa onde o medalhista vive com mais oito lutadores, em Londrina. Ele, dois preparadores físicos, uma nutricionista e uma psicóloga trabalham gratuitamente com os atletas, que terão duas chances de garantir a vaga olímpica: em setembro, na Seletiva Mundial, na Inglaterra; e em dezembro, na Colômbia.
“A Seletiva, em que os quatro primeiros se classificam, vai ser mais difícil, porque não estamos 100%. Mas na Colômbia, onde se classificam os dois primeiros de cada categoria, devo garantir minha vaga”, diz Diogo.
Ainda sem patrocínio, Diogo espera que o COB repasse verba para os atletas. O lutador, quarto em Atenas, lutará por medalhas em Pequim. “Cheguei em quarto em Atenas graças à minha perseverança. Se fosse pela confederação, seria o último”.
Brasil já tem 96 vagas garantidas nos Jogos
O Brasil já tem 96 vagas asseguradas para os Jogos de Pequim 2008: no hipismo (saltos, adestramento e CCE), futebol masculino, handebol, natação, saltos ornamentais, pentatlo moderno, tiro esportivo e vela. Dirigentes do COB vão se reunir com as confederações para traçar um plano de preparação individualizado e multidisciplinar para os atletas. As seletivas seguem até 2008.ATLETISMO: Em torneios internacionais, GPs do Rio, Belém e Fortaleza; no Troféu Brasil (todos em 2008).VÔLEI: O campeão do Sul-Americano, em setembro, se classifica para a Copa do Mundo, em novembro, que vai distribuir três vagas. Depois, haverá chance nos Pré-Olímpicos continentais. ÔLEI DE PRAIA: Classificam-se as duas melhores duplas no Circuito Mundial, de janeiro de 2007 a julho de 2008, considerando os oito melhores resultados. NATAÇÃO: Serão seis seletivas. As primeiras foram o Mundial de Melbourne, o Troféu Maria Lenk e o Pan. Restam o Troféu José Finkel, o Brasileiro e o Sul-Americano, em março.GINÁSTICA ARTÍSTICA: As 12 melhores equipes do Pré-Olímpico asseguram vaga. De 13° a 15º, o país terá direito a dois atletas e de 16° a 18°, a um. Os campeões por aparelhos também se classificam. A CBG espera que as meninas tenham mais facilidade para se classificar. No masculino, espera ter dois ginastas.TAEKWONDO: Chances nas Seletivas da Inglaterra (setembro) e Colômbia (dezembro).
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