03/09/2004 - 08h33/EDUARDO OHATAda Folha de S.Paulo
"Inviável", Vila do Pan-07 encolhe e está ameaçada
A Vila Olímpica do Pan-2007 do Rio, nos moldes do projeto que foi apresentado à Caixa Econômica Federal para financiamento, é inviável, segundo informa relatório do Tribunal de Contas da União.Um dos efeitos imediatos foi a diminuição do número de unidades habitacionais de 2.000 para 1.480 --uma redução de cerca de 25%--, mas o projeto apresentado pela construtura Agenco ainda não foi aprovado pelo banco.A inviabilidade é baseada em dados da CEF, que liberaria verba de R$ 350 milhões oriunda do Fundo de Amparo ao Trabalhador para a realização das obras daquele que é um dos principais alicerces do projeto do Pan-07.Segundo o relatório do TCU, análise de risco da construtora realizada pela CEF apontou que sua situação econômico-financeira não permitiria o financiamento total. A CEF propôs que a construtora agregasse outras empresas ao projeto para viabilizá-lo.A construtora, ainda segundo o documento do tribunal, remodelou a proposta. Diminuiu em 520 o número de unidades habitacionais, o que reduziu o custo, que foi de R$ 350 milhões para R$ 232 milhões. Na prática, em vez de haver mais apartamentos com sala, banheiro e um ou dois quartos, agora as unidades contarão com um número maior de aposentos.E, em vez de 25 edifícios, pelo novo projeto serão erguidos 17.A Agenco considera o fato de haver menos apartamentos com mais quartos um fator positivo. Na visão do diretor da empresa, Sergio Goldberg, isso "estimulará a sinergia entre os esportistas [haverá cerca de 7.500 atletas e oficiais no Pan, segundo o COB]".Mas nada garante que o projeto sairá do papel.. Em julho, a Agenco apresentou o segundo plano de negócios e simulação de viabilidade econômica do investimento. Após nova análise da área de crédito da CEF, foi mantida a inviabilidade do empreendimento.A Agenco enviou novo projeto à Caixa no final de agosto.A análise do documento pelo departamento técnico do banco está nos estágios finais e tem previsão de término para as próximas semanas.O ministro do TCU Marcos Vilaça, que assinou relatório do tribunal, já havia explicitado sua preocupação com a desorganização do Pan em um relatório anterior e requisitou ao Ministério do Esporte que lhe enviasse um cronograma completo das obras do Pan, principalmente no que toca à utilização do dinheiro público.Ao fim de seu relatório, Vilaça pede à CEF o repasse de informações, a cada 60 dias, sobre a evolução das providências relativas às obras e à assinatura de contrato.Segundo estimativas do Ministério do Esporte, até 2007 a União injetará, além do repasse da Caixa, R$ 120 milhões no Pan --17% do total. Pelo mesmo cálculo, a cidade do Rio arcaria com 57% dos custos; o Estado, com 4%, e o comitê organizador, com 22%.Para concluir seu relatório, o ministro Vilaça faz uma analogia entre os atrasos que ocorreram nas obras para os Jogos de Atenas-2004 e o cenário que teme que se materialize para o Pan-2007.Para ele, o acompanhamento do TCU "se impõe pelo que houve em Atenas". Para finalizar, diz que "todos sabemos, autoridades e povo, que sem um bom Pan não haverá um bom Pequim-2008".
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