quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O Cesar e a imagem do Rio

Edição 428 - por Redação CartaCapital

O Cesar e a imagem do Rio

O prefeito do Rio nomeia Naomi Campbell embaixatriz da cidade. E veta artigos de lei que ampliaria a fiscalização do Tribunal de Contas

Porta-voz adequada
Os factóides que o prefeito Cesar Maia disparou nos últimos dias não criaram a espessa neblina que pretendia, para ocultar a decisão de vetar artigos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Município. Reduziam a autonomia dele perante a administração do Rio de Janeiro. E Maia não quer freios.
Rebelou-se, por exemplo, contra a autonomia do TCM para julgar as contas do prefeito e dos secretários, como ocorre em tantas outras capitais do País. Outro veto, tão significativo quanto este, recaiu sobre o item que estabelecia análise prévia de editais de licitação e compras sem concorrência. Enfim, nada de fiscalização sobre o destino do dinheiro público. Cesar sabe o que faz.
Sem fiscalização Maia não teria de explicar o modo como emprestaria o dinheiro que ofereceu à tucana Yeda Crusius. Ela assumiu o governo do Rio Grande do Sul e anunciou que o estado estava mergulhado em profundas dificuldades financeiras. Yeda entendeu a brincadeira de Maia e ironizou: “Sugeri que ele pegasse um jatinho e viesse trazer o dinheiro”.
Posteriormente, o prefeito carioca posou ao lado da modelo britânica Naomi Campbell e ofereceu a ela a função honorífica de embaixadora oficial da cidade em todo o mundo. Para o burgomestre ela é “a verdadeira imagem do Rio”. Levada ao pé da letra a definição, seria preciso admitir que Naomi anda suja e malcuidada ou teria buscado a aproximação da modelo com a cidade na vertente da violência?
Na segunda-feira 15, Naomi foi condenada por um juiz de Nova York por agressão. A modelo atirou um celular contra Ana Scovalino, uma chilena que lhe prestava serviços domésticos. A cabeça da moça sofreu quatro pontos cirúrgicos. É preciso ressalvar que Naomi reagiu ao que deve ter considerado uma grave falha da empregada. Ana teria demorado a encontrar um par de calças que a modelo havia pedido.
Enfim, uma embaixadora violentíssima para uma cidade violenta.

É um absurdo o governo federal criar a Timemania, que oferece recursos para os clubes abaterem suas dívidas, sem exigir contrapartida social alguma ne

CHANCE PERDIDA
por Sócrates
É um absurdo o governo federal criar a Timemania, que oferece recursos para os clubes abaterem suas dívidas, sem exigir contrapartida social alguma nem a profissionalização da gestão esportiva

Há duas semanas, o ministro José Dirceu procurou por mim, Soninha e Juca Kfouri dizendo que queria conversar. Ele e o presidente queriam saber qual a nossa opinião sobre o texto que estava sendo discutido para tornar-se a medida provisória (MP) para a Timemania uma espécie de loteria esportiva para ajudar os clubes de futebol a sanar suas dívidas. O encontro aconteceu na segunda-feira 2, no escritório do Banco do Brasil da avenida Paulista, que é o escritório da Presidência quando Lula está na cidade. No início da reunião, estava só o Zé Dirceu. Conversamos durante cerca de uma hora. Falamos de políticas de Estado, da necessidade de uma ação governamental mais agressiva em relação ao esporte enquanto educação. Ele nos ouviu. Nos posicionamos e dissemos que, na verdade, o texto prévio dessa MP continha aspectos contrários à primeira lei que Lula assinou a respeito, que é a lei de moralização do esporte.E apresentamos a posição que defendemos há anos: de que seria um absurdo essa MP criar a Timemania oferecendo recursos possíveis para os clubes abaterem suas dívidas com a Receita, com a Previdência etc., sem nenhuma contrapartida social. No texto prévio estava explícito que não há essa exigência. Também defendemos que outra contrapartida deveria ser a profissionalização, a criação de uma estrutura mais qualificada de gestão nos próprios clubes, tanto do futebol como desses recursos.Também dissemos que havia o risco de os clubes utilizarem essa loteria para adquirir certidões negativas de débito pagando apenas um valor simbólico (cerca R$ 5 mil, se não estou enganado) para cada credor durante seis ou oito meses – portanto, antes de a Timemania começar a funcionar efetivamente. E os principais credores são o INSS, o FGTS e a Receita. Isso é outro absurdo, pois é dinheiro público, é dinheiro nosso. Ficando dessa forma, existe a possibilidade de eles pegarem essa certidão e simplesmente não entrarem na Timemania. É um risco.Depois disso, o Zé Dirceu foi até o presidente e voltou dizendo que o Lula queria conversar conosco. Ele estava de saída para um compromisso fora, mas tinha uns cinco, dez minutos. Fomos até ele. O Lula estava preocupado. É claro que ele está preocupado. Ele quer fazer uma coisa direito. Ele quer, de alguma forma, criar condições para que os clubes resolvam seus problemas financeiros, essa é a vontade da Presidência. Até porque o que lançaram foi uma medida provisória. Se eles apresentassem um projeto de lei, aí sim o texto iria para o Congresso e seria discutido pela sociedade. Medida provisória é diferente: o governo apresenta e o Congresso só vota sim ou não. É difícil entender por que fomos chamados. Por que eles nos convocam dois dias antes do lançamento de algo que já está programado?Esperávamos que pelo menos a discussão provocasse um adiamento da MP. Ou, então, que fizesse com que ela se tornasse um projeto de lei. Defendemos a tese de que os clubes têm de ser ajudados, mas que tem de haver a contrapartida. Colocamos a nossa posição, mas sabemos que há uma série de questões além das que levantamos. Questões políticas. Na quarta-feira 4, o presidente Lula de fato assinou a MP nº 249, que cria a Timemania. No texto final, não há menção à contrapartida social nem à exigência de profissionalização dos clubes no que tange ao futebol e à gestão dos recursos dessa loteria. O texto também não altera a possibilidade de os clubes conseguirem a certidão negativa de débito, que os tornaria adimplentes, mesmo antes de quitarem totalmente suas dívidas.Desse jeito, acredito que não vai acontecer nada. Não vai entrar tanto dinheiro quanto estão prevendo e os clubes não vão pagar suas dívidas. Talvez paguem um ou dois meses, depois não pagam mais. Vai ficar por isso mesmo.Essa seria uma grande chance para o governo exigir contrapartida social dos clubes, mas ele não exigiu isso. Trata-se de um jogo de pressões e eles não tiveram coragem de fazer o que seria melhor para a sociedade. Só atenderam aos interesses de quem está no futebol desde sempre, fazendo as mesmas besteiras.É frustrante ver que o governo que a gente esperava que fosse transformar o nosso esporte não fez nada até agora.

Com as reformas do Maracanã e as obras do Pan, corremos o risco de ver novas edificações monumentais, feitas com dinheiro público, subaproveitadas

O PAÍS DOS ESTÁDIOS
por Sócrates
Com as reformas do Maracanã e as obras do Pan, corremos o risco de ver novas edificações monumentais, feitas com dinheiro público, subaproveitadas

O Maracanã está de portas fechadas para reformas. O maior estádio do mundo como é chamado desde a construção , por culpa da sua idade avançada, estava realmente precisando de reparos para se adaptar aos novos tempos. Se bem que de nada adiantará o monte de dinheiro que lá está sendo investido se não houver preocupação com as necessidades exigidas pelo atual público consumidor.Não me refiro à elitização das dependências do estádio, não. Penso apenas no mínimo indispensável para receber bem a quem o procura quando de seus eventos futebolísticos mesmo que sejam pessoas simples e sem muitos recursos financeiros. É que a verdadeira orgia de informações que hoje cada um de nós recebe provocou uma mudança de hábitos que deve ser respeitada por quem promove qualquer tipo de espetáculo dirigido ao público.Se não se der a devida atenção a alguns parâmetros fundamentais, não se conseguirá a adesão do consumidor. Sem isso, o prejuízo sem dúvida virá.Por aqui, em geral, raramente percebemos qualquer preocupação com a viabilidade do investimento quando se realiza uma obra pública. Poucos se dão ao luxo de avaliar o futuro da empreitada e o que importa quase que exclusivamente é encontrar fórmulas para a execução do projeto, mesmo que esse, no futuro, fique parecendo um gigante adormecido. E que se dane o capital enterrado ali.O Maracanã é quase que exclusivamente utilizado para jogos de futebol, ainda que se venda a idéia de que teremos uma arena para diversos eventos. Como o futebol brasileiro de há muito se afastou de seu público, o uso dessas praças esportivas tornou-se, na maioria das vezes, economicamente inviável. Como conseqüência, os clubes estão à procura de locais mais acessíveis e menos custosos para promover seus espetáculos.Imagina-se então que estádios como o Maracanã poderão, em pouco tempo, ficar às traças durante boa parte da temporada. Ou não? O pior é que analisando as perspectivas atuais é isso o que realmente deve acontecer. Pois não é que dentro do maluco planejamento para o Pan-Americano de 2007 há a previsão da construção de outro estádio!Aliás, os novos custos apresentados ao governo federal são absurdos, mas terão de sair de algum lugar (talvez se crie uma nova loteria: a PANmania). Isso porque, a esta altura do campeonato, é impossível voltar atrás e, por conta disso, nossos dirigentes esportivos devem estar morrendo de rir. Parece até que estamos nos preparando para realizar uma Olimpíada e não apenas uma competição do nosso continente.É mania de grandeza, ou seria gula? No fim, querendo construir mais do que é preciso, acabaremos fazendo pior que a República Dominicana, que quase não terminou a tempo as obras para o último Pan. Bem, mas isso é algo para constatarmos mais para a frente. O que é difícil saber é quem vai utilizar essa coleção de estádios depois do Pan-Americano, já que alguns dos maiores clubes cariocas acabaram de reformar o estádio da Ilha do Governador e, possivelmente, devem continuar mandando seus jogos por lá. É muito espaço para pouco público.Foi mais ou menos o que aconteceu em Paris só que lá se disputava uma Copa do Mundo de Futebol com o estádio da França, que, após o mundial de 1998, vem sendo utilizado para tudo menos futebol. O PSG, time da capital parisiense, continua mandando seus jogos no antigo estádio Parque dos Príncipes.Aqui será igual e nem mesmo deveremos usar as instalações para os outros esportes como lá, porque, por essas plagas, o único a que se dá valor é o futebol. Teremos então uma situação vexatória semelhante a tantas outras que vemos por aí: prédios monumentais erguidos com dinheiro público, plantados em áreas de extrema pobreza e com utilização desproporcional ao investimento ali feito. A cara do Brasil, não é? E depois querem que a gente entenda essas ações que já nascem contaminadas pela falta de lógica, para dizer o mínimo. E não deve parar por aí. Como dizem que a Copa do Mundo de 2014 se realizará no Brasil, não se espantem se daqui a pouco os nossos dirigentes de futebol estiverem batendo na porta dos gabinetes de Brasília para levantar recursos para mais um estádio no Rio de Janeiro. Afinal, pensam eles, a liberação de verbas deve ser democrática o suficiente para contentar os interesses de todos os que mandam no esporte do nosso país. Seremos então conhecidos não mais como o país do futebol e sim como o país dos estádios de futebol.

A proposta de criação de uma loteria para contornar o problema financeiro que assola os clubes é criativa. Contudo (...), refinanciamento sem contrapa

CARTA AO PALOCCI
por Sócrates
A proposta de criação de uma loteria para contornar o problema financeiro que assola os clubes é criativa. Contudo (...), refinanciamento sem contrapartida é um prêmio aos irresponsáveis

Sócrates
Todos nós que lutamos pela moralização do esporte brasileiro estamos preocupados com o teor de medida provisória que deverá oferecer aos clubes nacionais a possibilidade de contornar a grave crise financeira em que se encontram – fruto de administrações perniciosas e muitas vezes criminosas. Por isso o instituto “Gol Brasil”, do qual faço parte, encaminhou ao ministro Antônio Palocci uma carta de sugestões – assinada por sua diretoria e conselheiros – que contém aquilo que acredito seja o mínimo a ser considerado pelo texto da medida provisória. Por isso, transcrevo-a na íntegra neste espaço: Exmo. Sr. Ministro de Estado da Fazenda Antônio Palocci FilhoSegundo anunciado pelo Ministério do Esporte e reiteradamente noticiado nos principais veículos de comunicação do País, o Governo Federal está na iminência de, por meio de medida provisória, instituir novo programa de recuperação fiscal dos clubes de futebol profissional (Timemania). Na qualidade de representantes do Instituto Gol Brasil, encaminhamos a Vossa Excelência a presente mensagem com a finalidade de submeter-lhe as seguintes considerações:1. No dia 15 de maio de 2003, o presidente da República sancionou a Lei n° 10.672, conhecida como Lei de Moralização do Esporte. Seu cerne reside (a) na imposição de regime de transparência das entidades de desporto profissional, mediante a publicação anual de suas demonstrações financeiras, e, sobretudo, (b) na instituição de sistemática legal voltada a induzir e estimular tais entidades a adotar forma empresarial, a exemplo dos países mais avançados em relação à organização do desporto profissional. 2. Em solenidade ocorrida naquele dia, asseverou o presidente da República que o Estatuto de Defesa do Torcedor juntamente com esta Lei podem começar um processo de moralização, com o qual muitos que estão presentes aqui sonharam a vida inteira. E, ao final, arrematou: Agora, é importante ter em conta que no Brasil há lei que pega e lei que não pega. Para ela pegar, é preciso que as pessoas responsáveis deste país comecem a falar e a alertar, sempre que possível, sobre essa lei.3. A pesquisa Ibope/Lance! realizada no mês de outubro de 2004 revelou que a população brasileira, em sua maioria, vê significativo avanço na organização do futebol brasileiro e na moralização de sua gestão. Trata-se, evidentemente, de efeito decorrente da assimilação da nova legislação pela sociedade.4. A proposta de criação de uma loteria (Timemania) para contornar o grave problema financeiro que assola os clubes brasileiros mostra-se criativa e inteligente. Contudo, é essencial condicionar a adesão ao programa de recuperação fiscal à transformação de seus departamentos profissionais em empresas. Repassar recursos para uma estrutura administrativa que já se mostrou falida configura verdadeiro desperdício e desrespeito às finanças públicas. Novas dívidas não tardarão a surgir, sobretudo em face da irresponsabilidade inerente ao modelo administrativo mantido pelos clubes. Refinanciamento sem contrapartida administrativa é um prêmio aos irresponsáveis. 5. O modelo administrativo dessas entidades revela forte tendência ao acúmulo de dívidas e à irresponsabilidade de seus dirigentes. Assumem o risco de desempenhar típica atividade empresarial sob o formato de associações civis sem fins lucrativos. Não é sem razão que o art. 27, § 11, da Lei nº 9.615/98 (segundo a redação da Lei nº 10.672/2003) qualifica tais entidades como sociedades em comum. Irregulares, portanto. 6. Não exigir modificações na gestão dessas entidades resultará meramente em eximir os maus administradores de suas responsabilidades em face das dívidas contraídas. A manutenção do velho modelo de administração e dos dirigentes que o sustentam se encarregará, em pouco tempo, de gerar novos débitos e excluir clubes importantes do programa (Timemania), retornando à caótica situação de hoje.7. Em face do exposto, propomos, a título de colaboração, que a adesão ao programa de refinanciamento (Timemania) esteja condicionada (a) à transformação dos departamentos profissionais dos clubes de futebol em empresa e (b) a que os dirigentes à frente de tais entidades não sejam os que respondiam por sua administração à época do endividamento.Pensamos que, com essas medidas, estar-se-á conferindo garantias importantes ao adequado uso do dinheiro público e, ao mesmo tempo, introduzindo medidas de incentivo à modernização do futebol brasileiro. www.socrates.esp.com
SócratesTodos nós que lutamos pela moralização do esporte brasileiro estamos preocupados com o teor de medida provisória que deverá oferecer aos clubes nacionais a possibilidade de contornar a grave crise financeira em que se encontram – fruto de administrações perniciosas e muitas vezes criminosas. Por isso o instituto “Gol Brasil”, do qual faço parte, encaminhou ao ministro Antônio Palocci uma carta de sugestões – assinada por sua diretoria e conselheiros – que contém aquilo que acredito seja o mínimo a ser considerado pelo texto da medida provisória. Por isso, transcrevo-a na íntegra neste espaço: Exmo. Sr. Ministro de Estado da Fazenda Antônio Palocci FilhoSegundo anunciado pelo Ministério do Esporte e reiteradamente noticiado nos principais veículos de comunicação do País, o Governo Federal está na iminência de, por meio de medida provisória, instituir novo programa de recuperação fiscal dos clubes de futebol profissional (Timemania). Na qualidade de representantes do Instituto Gol Brasil, encaminhamos a Vossa Excelência a presente mensagem com a finalidade de submeter-lhe as seguintes considerações:1. No dia 15 de maio de 2003, o presidente da República sancionou a Lei n° 10.672, conhecida como Lei de Moralização do Esporte. Seu cerne reside (a) na imposição de regime de transparência das entidades de desporto profissional, mediante a publicação anual de suas demonstrações financeiras, e, sobretudo, (b) na instituição de sistemática legal voltada a induzir e estimular tais entidades a adotar forma empresarial, a exemplo dos países mais avançados em relação à organização do desporto profissional. 2. Em solenidade ocorrida naquele dia, asseverou o presidente da República que o Estatuto de Defesa do Torcedor juntamente com esta Lei podem começar um processo de moralização, com o qual muitos que estão presentes aqui sonharam a vida inteira. E, ao final, arrematou: Agora, é importante ter em conta que no Brasil há lei que pega e lei que não pega. Para ela pegar, é preciso que as pessoas responsáveis deste país comecem a falar e a alertar, sempre que possível, sobre essa lei.3. A pesquisa Ibope/Lance! realizada no mês de outubro de 2004 revelou que a população brasileira, em sua maioria, vê significativo avanço na organização do futebol brasileiro e na moralização de sua gestão. Trata-se, evidentemente, de efeito decorrente da assimilação da nova legislação pela sociedade.4. A proposta de criação de uma loteria (Timemania) para contornar o grave problema financeiro que assola os clubes brasileiros mostra-se criativa e inteligente. Contudo, é essencial condicionar a adesão ao programa de recuperação fiscal à transformação de seus departamentos profissionais em empresas. Repassar recursos para uma estrutura administrativa que já se mostrou falida configura verdadeiro desperdício e desrespeito às finanças públicas. Novas dívidas não tardarão a surgir, sobretudo em face da irresponsabilidade inerente ao modelo administrativo mantido pelos clubes. Refinanciamento sem contrapartida administrativa é um prêmio aos irresponsáveis. 5. O modelo administrativo dessas entidades revela forte tendência ao acúmulo de dívidas e à irresponsabilidade de seus dirigentes. Assumem o risco de desempenhar típica atividade empresarial sob o formato de associações civis sem fins lucrativos. Não é sem razão que o art. 27, § 11, da Lei nº 9.615/98 (segundo a redação da Lei nº 10.672/2003) qualifica tais entidades como sociedades em comum. Irregulares, portanto. 6. Não exigir modificações na gestão dessas entidades resultará meramente em eximir os maus administradores de suas responsabilidades em face das dívidas contraídas. A manutenção do velho modelo de administração e dos dirigentes que o sustentam se encarregará, em pouco tempo, de gerar novos débitos e excluir clubes importantes do programa (Timemania), retornando à caótica situação de hoje.7. Em face do exposto, propomos, a título de colaboração, que a adesão ao programa de refinanciamento (Timemania) esteja condicionada (a) à transformação dos departamentos profissionais dos clubes de futebol em empresa e (b) a que os dirigentes à frente de tais entidades não sejam os que respondiam por sua administração à época do endividamento.Pensamos que, com essas medidas, estar-se-á conferindo garantias importantes ao adequado uso do dinheiro público e, ao mesmo tempo, introduzindo medidas de incentivo à modernização do futebol brasileiro. www.socrates.esp.com

CARAVANA DO ESPORTE

CARAVANA DO ESPORTE
por Sócrates
A idéia é despertar os jovens para a cidadania, promovendo valores como auto-estima e companheirismo em localidades esquecidas pelo Brasil desenvolvido

Enquanto vocês estiverem lendo estas linhas, eu estarei em Alcântara, no Maranhão, na primeira incursão da Caravana do Esporte. Este é um projeto que foi apresentado ao presidente Lula quando nos pediu a um grupo de estudos que pudesse formular um mínimo de sugestões nessa área idéias para o esporte. Infelizmente, não foi colocada em prática como política de Estado, mas, com a dedicação de José Trajano, diretor de jornalismo da ESPN Brasil, viabilizou-se esse verdadeiro Projeto Rondon do esporte.Vários parceiros já se apresentaram para que pudéssemos realizar esse sonho e muitos mais, espero, devem se aproximar nos próximos meses. Até porque a nossa idéia é que isso se perenize e cresça, atingindo muito mais municípios e regiões. Os locais que receberão a visita da Caravana do Esporte nesta primeira edição foram indicados pelo Unicef. São eles: Soure, na Ilha de Marajó, no Pará; Caarapó, no Mato Grosso do Sul; Boa Vista do Ramos, no Amazonas; Curaçá, na Bahia; Formosa, em Goiás; Palmeira dos Índios, em Alagoas; Santarém, no Pará (na época do Círio de Nazaré); Caracol, no Piauí; Conceição do Coité, na Bahia; além da acima citada Alcântara. Dez localidades escondidas e esquecidas pelo Brasil rico e desenvolvido. Na prática, o que pretendemos é reforçar a idéia de que é possível educar por meio do esporte. Aliás, as várias experiências que tive nessa área me deram a convicção de que não só o resultado é excepcional, como é o mais barato meio de inclusão que temos em mãos. Com uma bola e um educador e não precisa mais que isso criamos condições de transformações profundas na conduta de nossas crianças e adolescentes. Imaginem o que um naipe de figuras históricas do esporte nacional como Ana Moser, Raí, Flavio Canto, Afonsinho, Jaqueline, Dunga, Daniel Rodrigues, Janeth, Jorginho, Patrícia Medrado, Fernanda Keller e outros mais pode provocar no cotidiano dessas populações. E temos a pretensão de manter viva essa chama mesmo depois de nossa passagem por lá. Mostrar a realidade dessas regiões também será fundamental para refletirmos sobre a distância entre o Brasil que temos para aquele que sonhamos. Não sei exatamente o que nos espera, mas tenho a plena convicção de que terei de achar tempo para incursões em outras áreas, como a promoção de saúde através da atividade física, principalmente para a população mais idosa, e o exercício dos meus conhecimentos médicos. Em síntese, fazer um arrastão das minhas possibilidades. Estaremos também deixando por lá todo o equipamento que levaremos. E um deles é precioso: uma biblioteca. A associação entre o conhecimento, a informação e o esporte é uma das causas mais caras para todos os que participam da Caravana do Esporte. Os objetivos da missão não se restringem à defesa do conceito de que se pode educar por intermédio do esporte. A idéia central é despertar os jovens (e todas as outras faixas etárias) para a cidadania, resgatando valores como auto-estima, companheirismo e convívio social. Serão oferecidas, para alunos e professores locais, técnicas de desenvolvimento motor e raciocínio, e atividades complementares nas áreas de arte, música, comunicação, preservação ambiental, saúde e saneamento. Serão dadas noções de reciclagem, aproveitamento de matérias de fácil acesso à comunidade , oficinas de confecção de redes e bolas, palestras sobre saúde, cinema caravana e até aula de Pilates. Haverá doação de caiaques para as comunidades ribeirinhas e oficinas de vídeo e fotografia. Como podemos ver, o leque de ações é grande, mas pode ser muito maior se mais gente juntar-se. O que esperamos, além de provocar um choque esportivo, é que isso tudo se mantenha vivo para que essas populações possam usufruir suas benesses indefinidamente. Para tanto, continuaremos em contato permanente com as estruturas organizadas e com os agentes esportivos que possamos criar nesta semana que lá passaremos.Estou animado e muito emocionado por participar dessa trupe, que mais uma vez dá mostras da consciência que possui e da sua importância no nosso contexto social. Esperamos que as novas experiências e o aprendizado que, certamente, as populações visitadas nos oferecerão estimulem-nos ainda mais a continuar nessa luta. Queria encerrar agradecendo ao Trajano por essa iniciativa mais uma nesse âmbito. Espero criar condições para comparecer a todos esses locais ao longo deste ano. Seria o máximo. Na volta, dividirei com vocês essa maravilhosa experiência. www.socrates.coc.com.br

Os cartolas do futebol, no fundo, querem que competições como o Pan e a Olimpíada desapareçam. Ou então que as façam em Marte ou algum outro planeta

CONCORRÊNCIA INCÔMODA

por Sócrates

Os cartolas do futebol, no fundo, querem que competições como o Pan e a Olimpíada desapareçam. Ou então que as façam em Marte ou algum outro planeta

Sempre, às vésperas de uma Olimpíada, acompanhamos uma queda-de-braço entre a Federação Internacional de Futebol e o Comitê Olímpico Internacional. É que os cartolas do futebol, por possuírem uma competição que se aproxima, em grandiosidade e em receita econômico-financeira, do maior evento esportivo do planeta, acham-se no direito de exigir condições especiais para disputá-la. Em particular, quanto à parte que lhes toca na divisão dos lucros. Por esse motivo, eles jamais deram qualquer importância à sua participação nessa competição, que tem como base filosófica a valorização dos esportes em geral.É uma briga de gigantes. Nos dando conta de que um encontro como esse exige um investimento em infra-estrutura de vários bilhões de dólares e que ele só existe porque deve dar um retorno danado, não é de estranhar que todos queiram tirar a sua lasquinha. Mas o que realmente incomoda ao futebol é ser tratado como qualquer outro. Sentem-se maiores e melhores só porque possuem mais condições financeiras do que todos os demais esportes. É como um conhecido meu que, por ter conseguido se dar bem na vida, acumulou uma grana espetacular no bolso e agora não quer mais fazer as coisas que fazia antes. É programa de pobre, diz. O mais prazeroso da vida, que é a relação humana do bate-papo com os amigos, da cervejinha no boteco da esquina, no ouvir e contar piadas ou discutir futebol, já não o satisfaz. Quer mesmo é participar da chamada alta-roda, ver e, principalmente, ser visto e gastar um absurdo em recepções programadas para manter contato com os figurões da cidade. Vive infeliz o coitado, mas acha que essas são as verdadeiras atribuições a que deve responder. Sente-se superior e inatingível. O futebol age exatamente assim. Na Olimpíada de Sydney, pudemos ter um excelente exemplo dessa empáfia. Fomos com uma equipe de moleques reforçada por uns poucos maiores de 23 anos. Mesmo assim resolveram colocar todo mundo em um hotel bastante estrelado e distante da Vila Olímpica, isolando todos do espírito da competição. Alienaram-se do turbilhão de sorrisos, abraços, solidariedade e alegria que imperava entre os atletas. Ora, como é que se pode estar satisfeito com uma festa se nos afastamos dela. Se nos escondemos na arrogância que nos impede de conviver com os normais. Perguntem ao Gustavo Borges, ao Robson Caetano, à Hortência, à Paula e a todos os outros que já estiveram em várias Olimpíadas, se alguma vez foram mal recebidos, se estavam deslocados ou se ficaram infelizes. Era só o que faltava!Guga, que era a maior estrela entre os brasileiros e que, se quisesse, ficaria em qualquer lugar, fez questão, em Sydney, de se instalar na Vila Olímpica. Como ele mesmo disse, não queria perder de jeito nenhum o que de mais bonito possui essa competição: a profusão de culturas, de línguas e de costumes dos mais diversos povos do mundo ali representados. É uma oportunidade única de aprender muito em poucos dias. De comer no refeitório ao lado de um árabe, de conversar na sarjeta com um russo, de cumprimentar um canadense ou de abraçar um senegalês. É uma amostra da humanidade que se faz representar a cada quatro anos no mesmo espaço e no mesmo instante. Como perder isso? Só os pequenos, incultos e cegos se dão o direito de abrir mão dessa beleza. Como o futebol. Os nossos cartolas também não queriam participar do Pan-Americano que está prestes a se iniciar. Com a interferência do ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, abaixaram a cabeça, voltaram atrás e estão mandando uma seleção de garotos. Sinceramente, eu não mexeria um só dedo para tanto. Se não querem ir, que fiquem. Que mantenham suas becas intocadas. Quem é que quer se sujar em Santo Domingo? Não tenham dúvidas de que se fosse em Miami todos estariam lá. Talvez até com o time principal. É que a maioria deles tem casa de veraneio na Flórida e seria uma boa oportunidade de novos contatos e umas comprinhas a mais. De qualquer forma, os cartolas do futebol, no fundo, querem é que competições como o Pan ou a Olimpíada desapareçam. Há muito esporte na concorrência. Ou então que as façam lá em Marte ou em qualquer outro planeta.

domingo, 26 de agosto de 2007

Lula diz que Brasil ainda não tem condições de organizar Copa

O QUE FOI DITO EM 2006

14/09/2006 - 13h40 - GABRIELA GUERREIROda Folha Online, em Brasília

Lula diz que Brasil ainda não tem condições de organizar Copa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta quinta-feira, ao sancionar a lei que cria a Timemania, que o Brasil atualmente não teria condições de organizar a Copa do Mundo de 2014.Lula disse que para que o Mundial fosse realizado no Brasil daqui a oito anos seria necessária uma ampla mobilização do governo para a construção de estádios que atendem às determinações da Fifa.Respeitando o rodízio de continentes, a Fifa deverá realizar a Copa-2014 na América, e o Brasil é o favorito para receber o torneio, já que tem o apoio de todas as federações nacionais sul-americanas."Para ter a Copa de 2014 aqui, pelos critérios da Fifa, não temos nenhum estádio em condições de sediar os jogos. Vamos ter que pensar em, no mínimo, construir 12 novos estádios", afirmou.Na opinião de Lula, o Brasil deve se esforçar para organizar a competição para aumentar a visibilidade do país no cenário internacional.Lula falou de improviso na cerimônia, sem esconder a paixão pelo futebol. O presidente defendeu que a seleção brasileira, que vai participar de jogo amistoso no Kuait, no dia 7 de outubro, aproveite a viagem para realizar um "jogo pela paz" no Líbano."Quem sabe a seleção não possa fazer um jogo simbolizando a paz? O Líbano está precisando da seleção", disse. Em plena campanha pré-eleitoral, o presidente optou pela diplomacia ao mencionar times de futebol.Corintiano assumido, ele recebeu de presente uma camisa do Internacional, de Porto Alegre. O Sul do país é a região onde Lula registra menor vantagem nas pesquisas de intenção de voto."Sou torcedor do Inter, mas sou apaixonado pelo Grêmio", disse Lula ao falar sobre os dois principais rivais do Rio Grande do Sul.A lei sancionada hoje pelo presidente institui a Timemania, uma loteria criada para socorrer os clubes de futebol com o refinanciamento de dívidas e o pagamento de débitos com o governo.Depois de quitarem as dívidas, os clubes podem usar os recursos da Timemania para o investimento em projetos do próprio time. Segundo a Caixa Econômica Federal, os clubes terão disponíveis cerca de R$ 500 milhões por ano com a Timemania.

Lula promete recursos de bancos estatais para construir estádios da Copa

O QUE FOI DIRO EM 2006

15/09/2006 - 10h17 -EDUARDO SCOLESEPEDRO DIAS LEITEda Folha de S.Paulo, em Brasília

Lula promete recursos de bancos estatais para construir estádios da Copa

O presidente Lula prometeu recursos de bancos estatais, entre eles o BNDES, para a construção de estádios para que o Brasil seja sede da Copa-2014. E adotou a posição similar à da cúpula da CBF, que prega a necessidade de fazer novas arenas esportivas para o Mundial. "Nós estamos pleiteando a Copa do Mundo de 2014, e vocês sabem que para a gente ter a Copa do Mundo de 2014 aqui (...), pelos critérios da Fifa, nós não temos nenhum estádio em condições de sediar jogos da Copa. Significa que nós vamos ter de pensar no mínimo em construir 12 novos estádios neste país", disse o presidente. Para Lula, a responsabilidade não é só dos clubes, que devem contar com ajuda da Caixa Econômica, do Banco do Brasil e do BNDES, além de de prefeituras e governos estaduais. A CBF prega que faria estádios com recursos privados. Mas clubes já estão de olho no dinheiro do BNDES.

Para a CBF, Copa-2014 começa com visita de Blatter a Lula

O QUE FOI DITO EM 2006

27/09/2006 - 13h18 - da Folha Online

Para a CBF, Copa-2014 começa com visita de Blatter a Lula

Antes mesmo do anúncio do escolhido para organizar a Copa do Mundo de 2014, que deverá ser realizada na América, seguindo o rodízio de continentes, a CBF celebra a visita do presidente da Fifa, Joseph Blatter, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o início da preparação para que o país abrigue o evento.Blatter chega nesta quinta-feira a São Paulo, onde será recebido pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em seguida ambos viajam para Brasília --o encontro com Lula está marcado para as 10h."O presidente Blatter já garantiu que a Copa do Mundo de 2014 será realizada na América do Sul e reconhece o Brasil como um legítimo postulante. Essa visita vem ratificar esse reconhecimento, tendo agora o presidente da Fifa a oportunidade, no encontro com o presidente Lula, de tomar conhecimento pessoalmente da nossa pretensão de candidatura", disse Teixeira, segundo o site da CBF.Na reunião, Blatter deverá discutir problemas como construção de estádios e infra-estrutura para a realização da competição. Teixeira ressaltou, segundo a CBF, a necessidade de investimentos da iniciativa privada para a reforma e construção de estádios."A construção e reforma de estádios que os deixem dentro dos padrões exigidos pela Fifa caberá à iniciativa privada. Vamos trabalhar, e muito, para atender no prazo certo a todas as exigências estabelecidas pela Fifa", afirmou Teixeira.Ao governo federal caberiam investimentos em setores como segurança e transportes. "O presidente Lula já assegurou, de maneira inequívoca, o apoio do governo à nossa candidatura", concluiu Teixeira. De Brasília, Teixeira e o Blatter viajam para Assunção (PAR) para a reunião da Confederação Sul-Americana de Futebol.

Dinheiro público banca Copa do Mundo na África do Sul

O QUE FOI DITO EM 2006

08/07/2006 - 09h47 -RICARDO PERRONE da Folha de S.Paulo, em Berlim

Polêmico no Brasil, o uso de dinheiro público para que o país receba a Copa é assumido com orgulho pela África do Sul, sede do Mundial de 2010.Ontem, após o lançamento oficial da competição, em Berlim, Jabu Moleketi, vice-ministro das Finanças, afirmou à Folha que o governo investirá US$ 500 milhões (cerca de R$ 1,09 bilhão) em infra-estrutura para receber a competição.Nessa conta estão gastos com a construção de cinco estádios, a reforma de outros cinco, melhoria de estradas, de aeroportos e dos meios de transporte. Só 20% do dinheiro para construir as arenas virá da iniciativa privada. "Os estádios serão construídos com dinheiro dos municípios, dos Estados ou do governo federal, que serão os donos", declarou Moleketi.Segundo ele, tudo deve estar pronto no fim de 2008, já que em 2009 a África do Sul recebe a Copa das Confederações.Para evitar atrasos, o governo decidiu apenas melhorar o que já existe no transporte público. "Uma nova rede de metrô não ficaria pronta até lá.""Com certeza, temos problemas mais importantes para resolver, mas com as receitas a serem geradas no futuro poderemos construir hospitais e escolas", disse o vice-ministro.Kofi Annan, secretário-geral da ONU, esteve no evento. Disse apoiar a Copa por ser um torneio que reúne povos diferentes de maneira pacífica.O presidente da África do Sul, Tabbo Mbeki, também participou do lançamento.Em 2014, a Copa pode ser no Brasil. Há pressão de cartolas até de fora do país para investimento pesado do governo federal. Anteontem, João Havelange, ex-presidente da Fifa, disse que o presidente Lula é quem tem de falar se o país irá erguer estádios para o Mundial.

Blatter visita sede da seleção, e Teixeira se irrita com tema "PCC"

O QUE SE FALOU EM 2006

24/05/2006 - 10h03 - PAULO COBOSda Folha de S.Paulo, na Suíça

Blatter visita sede da seleção, e Teixeira se irrita com tema "PCC"

O presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol), o suíço Joseph Blatter, visitou na manhã desta quarta-feira a concentração da seleção brasileira em Weggis, na Suíça.O dirigente chegou até o hotel onde está concentrada a seleção brasileira acompanhado do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira.A CBF não quis dar detalhes dos assuntos conversados entre Blatter e Teixeira, mas um deles deve ser referente à organização da Copa do Mundo de 2014, que o Brasil é o favorito para ser o país-sede."Para ser sede do Mundial de 2014 o Brasil terá que cumprir algumas exigências da Fifa que já foram detalhadas e já são do nosso conhecimento", afirmou Marco Polo del Nero, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol) e chefe da delegação brasileira para a disputa da Copa-2006.Na última sexta-feira, em entrevista na sede da Fifa, na Suíça, Blatter praticamente confirmou que o Brasil será a sede do Mundial de 2014."Ficou decidido que, pelo rodízio, a Copa de 2014 será na América do Sul. Recebi comunicado da Conmebol [a Confederação Sul-Americana de Futebol] dizendo que todos os países da região estão de acordo que o Brasil seja a sede. Assim, em 2008, quando será decidido o assunto, o Brasil será escolhido se cumprir o caderno de encargos, que é exatamente o mesmo que foi usado para a escolha de 2010 [África do Sul]', disse o dirigente.Perguntado se os atentados do PCC (Primeiro Comando da Capital) no estado de São Paulo durante a última semana poderiam atrapalhar os planos do Brasil em ser a sede do Mundial de 2014, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, demonstrou irritação."Isso não tem nada a ver, se fossemos analisar casos de violência, Nova Iorque não poderia ser sede de uma Olimpíada, e assim como outras cidades que já organizaram. Além disso, a Copa do Mundo será apenas daqui a oito anos", disse o dirigente.

Incentivo fiscal tem data de validade, diz novo ministro do Esporte

O QUE O MINISTRO ORLANDO SILVA FALOU EM 2006.

5/04/2006 - 11h10 -EDUARDO OHATAda Folha de S.Paulo, em BrasíliA

Incentivo fiscal tem data de validade, diz novo ministro do Esporte

O baiano Orlando Silva Júnior, 34, tornou-se um dos mais jovens ministros da história ao assumir a pasta do Esporte na tarde de ontem.Em entrevista à Folha, ele diz que a lei de incentivo fiscal, maior reivindicação de atletas e dirigentes e que foi anunciada por Lula, tem de ter prazo de validade.É parte de seu mantra que dirigentes e atletas terão de retribuir o apoio que vêm recebendo do Estado aprendendo a andar com suas próprias pernas. Silva Júnior pede ainda que, em troca da iminente sanção da Timemania e o apoio para a realização da Copa de 2014 no Brasil, o esporte mostre-se como uma opção sedutora ao investimento privado.
Folha - O ministro Agnelo Queiroz foi alvo de críticas por sua proximidade com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, e com cartolas do futebol. Como era o relacionamento deles?
Orlando Silva Júnior - A impressão que eu tenho é que o Ministério do Esporte mantém uma relação institucional com o COB, com os clubes, com a CBF, com as entidades que administram o esporte. Nossa perspectiva é manter a relação institucional.
Folha - O que muda com sua gestão à frente do Esporte?Silva Júnior - Diferenças de estilo, visões ou diferenças de ponto de vista talvez sejam melhor apuradas ao final de minha gestão.
Folha - O Brasil é um dos países em que mais se investe verba pública no esporte. O esporte não precisa andar com as próprias pernas?Silva Júnior - Pensando amplamente, não apenas no alto rendimento, acredito que ainda se investe pouco no esporte brasileiro. Se investíssemos mais no esporte, gastaríamos menos com saúde, qualificaríamos mais as atividades de educação, teríamos um ambiente social mais pacificado. Acredito que o esporte brasileiro precisa de mais fontes de financiamento. Daí a criação da lei de incentivo para o esporte [anunciada por Lula], para atrairmos o capital privado e deixarmos de ter só recursos públicos [no esporte].
Folha - Mas com o incentivo fiscal a conta não acaba de novo sendo paga pelo governo?Silva Júnior - Nenhum setor da vida brasileira se desenvolveu sem incentivo fiscal. Veja a implantação da indústria automobilística, petroquímica, metalúrgica. A cultura é outro exemplo. Se o setor privado investir no esporte, perceber o retorno, sobretudo em imagem, acredito que possamos ter uma presença permanente da área privada. Trata-se de um incentivo, e todo incentivo é transitório. É para o investidor experimentar, compreender as vantagens que pode ter. [A lei de incentivo] terá de vigorar o tempo necessário para alterar a cultura do empresariado até eles perceberem o retorno. Ao longo do tempo, o Estado pode, paulatinamente, reduzir sua renúncia fiscal até ficar claro para o privado que isso dá retorno.
Folha - Qual será a contrapartida das empresas? Elas arcarão com o investimento?Silva Júnior - Essa é a idéia, mas tem que ser uma renúncia que atraia as empresas. Não adianta exigir uma contrapartida que, na prática, fará da lei uma letra morta.
Folha - Foi dito que o incentivo fiscal visa o Pan. É realista achar que seu efeito em um ano fará tanta diferença?Silva Júnior - A lei de incentivo terá uma repercussão grande desde seu início. Nossa experiência com o Bolsa-Atleta, que é um programa que ajuda atletas que não têm patrocínio, revelou que há atletas de altíssimo nível que poderiam se desenvolver mais. Como você já tem um contingente de atletas em fase bastante desenvolvida, mas com pouco suporte financeiro, imediatamente você tem o impacto da lei de incentivo.
Folha - Mas o senhor acha que algumas medalhas no Pan serão decididas por causa da lei?Silva Júnior - Pode ser uma ajuda a mais. É evidente que a formação de um atleta pode levar até dez anos. Agora, se você tem um suporte material, se ele participa de mais competições internacionais, repercute em seu rendimento.
Folha - A Timemania também tem de ter prazo de validade?Silva Júnior - É diferente, porque a Timemania não é incentivo, é loteria que usa um patrimônio dos clubes, seus símbolos. É uma fonte de receita permanente. Depois do prazo de 180 meses para o pagamento da dívida, os recursos gerados se transformam em receita nova para os clubes.
Folha - Além da Timemania, quais suas outras preocupações para com o futebol?Silva Júnior - A receita dos clubes é um problema estratégico. É preciso desenvolver mecanismos para que os clubes ampliem as fontes de rendimentos. Nossa agenda valoriza a criação de receitas para os times para que eles tenham capacidade de investimento maior. A TV é uma fonte estratégica, mas os estádios estão vazios. O trabalho de segurança [com a Comissão Interministerial para a Paz no Esporte], que colabora com o conforto dos torcedores, servirá para aumentar a receita dos clubes. Há o problema da pirataria. Precisamos de uma cultura que valorize os produtos dos clubes.
Folha - Por que o Pan virou uma dor de cabeça?Silva Júnior - [Silêncio]. O Pan não virou uma dor de cabeça. O Pan será uma grande realização do esporte brasileiro. Será uma edição histórica, e confio que o Rio estará pronto em tempo hábil para os eventos-testes e que a competição seja de alto nível. Nós, do governo federal, temos cumprido à risca o cronograma, temos assumido novas tarefas e as honrado porque entendemos que os Jogos Pan-Americanos não são só do Rio de Janeiro, mas do Brasil.
Folha - É curioso que o senhor diga isso. O prefeito do Rio, Cesar Maia, vem repetindo que "o Lula precisa entender que o Pan é do Brasil todo, e não só do Rio".Silva Júnior - O presidente Lula tem dado máxima atenção aos Jogos. Há um projeto de segurança pública vinculado ao Pan que deixará legado importante ao Rio. As tarefas vinculadas à Vila do Pan se viabilizaram por financiamento da Caixa [Econômica Federal] por recomendação do presidente. O investimento que o Esporte vai fazer diretamente está viabilizado por recomendação do presidente. O presidente não está interessado em polêmicas pela imprensa com governos ou prefeituras.
Folha - Por que Maia reclama?Silva Júnior - Tem que perguntar a ele. O governo tem suas responsabilidades, não se preocupa com as reclamações alheias.
Folha - O que o senhor achou do aumento da fatia do governo federal no orçamento do Pan?Silva Júnior - [Silêncio]. Por ser um fato inédito, talvez o planejamento inicial tenha pecado, inclusive no lado orçamentário.
Folha - O senhor diria que o Rio emitiu um cheque que agora tem de ser pago pelo governo federal?Silva Júnior - A responsabilidade solidária que o governo federal tem com o Pan foi assumida pela gestão anterior. Foi um compromisso internacional bancado e honrado por esse governo.
Folha - Por que o Co-Rio não obtém dinheiro para bancar o Pan com a iniciativa privada?Silva Júnior - Pergunte a eles.
Folha - O senhor apóia a disputa da Copa do Mundo no Brasil?Silva Júnior - O Lula falou entusiasticamente da importância de o Brasil voltar a abrigar uma Copa. É uma boa oportunidade para que a gente possa ter estádios mais modernos.Folha - O senhor acha que os estádios têm condições de receber as partidas do Mundial?Silva Júnior - Não é questão de achar. A Fifa estabelece critérios. Os estádios brasileiros não estão adequados ao padrão da Fifa. Suponho que a maioria dos locais que vão abrigar jogos da Copa no Brasil terão de ser construídos.
Folha - Quem pagará a conta pela modernização dos estádios?Silva Júnior - O ministério vai participar do projeto para receber a Copa, juntamente com outros órgãos governamentais e também com o setor privado. Uma Copa do Mundo mobiliza as pessoas. Mas seria importante se tivéssemos a participação da iniciativa privada no financiamento dos estádios.

Até 66, bola da Copa do Mundo estava livre de propaganda

CURIOSIDADE

13/04/2006 - 10h43 - LUÍS FERRARIda Folha de S.Paulo

Até 66, bola da Copa do Mundo estava livre de propaganda

Nas primeiras oito Copas do Mundo, a marca da bola não entrou na história. Naquela época, as fabricantes de bola usadas em competições promovidas pela Fifa não exploravam tal fato comercialmente.Só em 1970, último Mundial em que o campeão (Brasil) levantou a taça Jules Rimet, é que a Adidas firmou contrato com a entidade que comanda o futebol mundial para virar sua fornecedora oficial, condição que mantém desde então, por meio de prorrogações do acordo.No ano passado, a Fifa e a empresa renovaram o compromisso até o Mundial de 2014 --que o Brasil quer organizar. Para manter a condição de fornecedora oficial, a Adidas investirá US$ 351 milhões (R$ 751,14 milhões) em sete anos, a partir da próxima temporada. Na final da primeira Copa, em 1930, a bola foi objeto de controvérsia. Uruguaios e argentinos queriam usar as próprias bolas. A solução foi começar a partida com a argentina e usar a uruguaia durante o segundo tempo. O desfecho do choque indica que ambos tinham razão em seus argumentos. Os argentinos foram para o intervalo vencendo por 2 a 1. Mas levaram a virada com a bola dos rivais, e o jogo acabou 4 a 2 para os donos da casa.

Lula reafirma apoio a CBF para ter Copa-2014 no país

o que foi dito em 2006

04/04/2006 - 10h35 =da Folha de S.Paulo

Lula reafirma apoio a CBF para ter Copa-2014 no país

Ao receber o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou seu apoio à candidatura brasileira à Copa do Mundo-2014. Segundo o cartola, Lula afirmou que o país tem condições para receber o Mundial.A audiência de Teixeira com o presidente aconteceu no mesmo dia em que foram empossados os nove novos ministros. Como conseqüência, participaram do encontro o novo titular da pasta de Esporte, Orlando Silva, que substituiu Agnelo de Queiroz. "Ele [Lula] acha que o Brasil, depois de 64 anos, terá condições de fazer uma Copa do Mundo e prometeu apoio para a realização do evento, porque o futebol brasileiro e o país merecem", comentou Teixeira, segundo relato da Agência Brasil.Ao site da CBF, o dirigente disse que Lula que quer atuar como embaixador da candidatura brasileira na Fifa. A decisão sobre o Mundial-2014 deve acontecer no final do ano.Se o rodízio de continentes da Fifa for respeitado, o Brasil deverá ser vencedor da disputa. Teixeira entregou uma camisa da seleção ao presidente e uma carta do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Segundo agências, o cartola da federação elogiou Lula por ter lhe enviado uma carta pedindo medidas punitivas contra o racismo no futebol. De acordo com Teixeira, o presidente enviou sugestões de penas como a eliminação de times por reincidência de ofensas racistas.

Para Ricardo Teixeira, Brasil não tem estádios para Copa

O QUE FOI DITO EM 2006

27/03/2006 - 11h18 - da Folha de S.Paulo

Para Ricardo Teixeira, Brasil não tem estádios para Copa

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afirmou que, se quiser receber o Mundial de 2014, que deve ser na América do Sul, o país teria de construir de oito a dez novos estádios. Teixeira acredita que a verba para as obras possa sair da iniciativa privada.Segundo ele, apenas a Kyocera Arena, do Atlético-PR, teria condições próximas às exigidas pela Fifa.Em entrevista ao "Jornal do Brasil", o dirigente também afirmou que confia em Ronaldo e Adriano e que eles terão tempo para se recuperar até a Copa.

Sem concorrência, CBF renova contrato com Nike

15/04/2006 - 11h17 -RODRIGO MATTOSda Folha de S.Paulo

Sem concorrência, CBF renova contrato com Nike

A camisa da seleção terá a marca da Nike por mais 12 anos sem que tenha havido uma disputa comercial. A CBF renovou o contrato com a empresa sem abrir concorrência ou consultar suas rivais --não obteve nenhum reajuste no total pago atualmente.O novo acordo prevê o pagamento de US$ 12 milhões (R$ 25 milhões) por ano, mesmo valor atual. Até 2002, o contrato era de US$ 160 milhões (R$ 342 milhões) por dez anos, mas houve desconto de 25% em revisão que excluiu os amistosos.Ainda há premiação de US$ 6 milhões (R$ 12,5 milhões) para conquista da Copa.A assessoria de imprensa da confederação confirmou a extensão do acordo, mas não deu detalhes sobre esse. Por meio de sua assessoria, a Nike disse que nada tinha a informar sobre o assunto.O novo acordo incluirá a Copa-2014, na qual o Brasil pode ser o país sede, pois o rodízio da Fifa prevê a competição na América do Sul. A competição tem peso nas negociações comerciais da entidade, pois valoriza a seleção.Mesmo assim, a Folha apurou que a diretoria da confederação avaliou que tem uma parceria estratégica com a Nike e, portanto, não havia sentido ouvir outras produtoras de material esportivo --entidade de direito privado que não recebe dinheiro públicos, a CBF não é obrigada a fazê-lo."Não fomos procurados", confirmou o diretor de marketing da Reebok, Túllio Formicola. "Quando acabam seus contratos, os clubes costumam avisar as empresas ou abrir licitação."Para o executivo, não há dúvidas de que, se a Copa-2014 for no Brasil, a seleção será ainda mais valiosa no mercado interno.No São Paulo, a diretoria aumentou os valores de seu patrocínio por meio de concorrência. "Buscamos o melhor preço, dentro de algumas exigências", contou o diretor de Planejamento são-paulino, João Paulo Lopes, que trocou a Topper pela Reebok.Ao manter a seleção, a Nike conquistou ponto na disputa do mercado do futebol com Adidas e Puma. A equipe é o seu carro-chefe. Mas pagou bem menos do que ao Manchester United, que tem contrato de US$ 458 milhões (R$ 981 milhões) por 13 anos.O novo contrato deve excluir jogos organizados pela empresa e imposições de convocações, previstos inicialmente. Esse itens foram investigados pela CPI da Câmara, sem conclusão. Diretores da Nike já tinham afirmado que essas cláusulas não deveriam constar da renovação do contrato.

Ricardo Teixeira consegue aval para ampliar mandato na CBF

O QUE FOI DITO EM 2006

19/04/2006 - 10h41 =SÉRGIO RANGELda Folha de S.Paulo, no Rio

Ricardo Teixeira consegue aval para ampliar mandato na CBF

Único pré-candidato anunciado, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, conseguiu a aprovação ontem da ampliação do tempo do mandato que sucederá o atual.Em decisão da assembléia geral da confederação, subiu de quatro para, pelo menos, sete anos o período de permanência do próximo presidente no cargo. Desde 1989 no comando da CBF, o dirigente usou a provável vitória do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 como argumento para convencer presidentes de federações a aprovarem a mudança do estatuto. A proposta passou por unanimidade. Por ela, caso a Fifa realize a Copa no país, o vencedor ficará no cargo até a assembléia geral que apreciará as contas da entidade depois do Mundial, prevista para abril de 2015. O próximo mandato começa em janeiro de 2008. "Quem for eleito em 2007 terá o mandato definido até depois de 2015. Não é prorrogação. Não estamos mudando nada neste mandato agora", disse Teixeira, que já anunciou que concorrerá.Se a candidatura do Brasil for derrotada na Fifa, o mandato terá só quatro anos. Com a mudança no estatuto, não ocorrerá a eleição de 2011, três anos antes do início do Mundial, se o Brasil for a sede. Ao justificar a decisão como proposta na reunião de ontem, Teixeira disse que a organização brasileira não pode ter descontinuidade, problema que identifica na preparação do Pan 2007."Vão ocorrer muitas mudanças de governos no período [do Pan]. Teremos eleições estaduais e uma presidencial. Temos que ter uma estrutura que dê garantias definitivas à direção da Fifa, que será a mesma de 2008 a 2014", disse. Se reeleito, ele ficará 26 anos no cargo. Neste ano, Teixeira já superou a marca de João Havelange, que comandou a antiga CBD por 16 anos, de 1958 a 1974. Teixeira soma 17 anos na entidade. Sua primeira eleição na CBF teve o apoio de Havelange, seu ex-sogro."Esta solução praticamente garante o Brasil como sede em 2014. Gostei mais ainda porque foi na sessão que fui presidente", disse Delfim Peixoto, presidente da Federação de Santa Catarina. O evento foi realizado em um hotel da Barra, zona oeste do Rio. Peixoto também tinha outros motivos para comemorar. Foi um dos premiados no sorteio realizado após a reunião, com que a CBF escolheu dez presidentes de federações para assistirem à Copa. O pacote incluía vôos, hospedagem e ingressos para os jogos. Todos podem levar um acompanhante.

Para Blatter, Brasil perde Copa-2014 só para si mesmo

o que foi dito em 2006

PAULO COBOSda Folha de S.Paulo, em Zurique (SUI)-20/05/2006 - 09h24

Para Blatter, Brasil perde Copa-2014 só para si mesmo

O Brasil só precisa fazer a lição de casa para receber a Copa do Mundo de 2014. E isso passa por garantir a segurança e evitar que casos como a onda de violência que assola São Paulo se repita. Quem afirma isso é Joseph Blatter, o presidente da Fifa, que deu ontem entrevista para alguns jornais, incluindo a Folha de S.Paulo, na sede da entidade, na Suíça."Ficou decidido que, pelo rodízio, a Copa de 2014 será na América do Sul. Recebi comunicado da Conmebol [a Confederação Sul-Americana de Futebol] dizendo que todos os países da região estão de acordo que o Brasil seja a sede. Assim, em 2008, quando será decidido o assunto, o Brasil será escolhido se cumprir o caderno de encargos, que é exatamente o mesmo que foi usado para a escolha de 2010 [África do Sul]", afirmou Blatter, que, pelo menos no discurso, acaba com a possibilidade de o Canadá também postular sua candidatura para 2014. Questionado a respeito da matança de policiais e o revide do crime organizado que vigoram em São Paulo, o cartola afirmou acompanhar o caso de perto."É uma atrocidade, como outras que acontecem atualmente."Depois, não deixou claro se isso poderia atrapalhar o Brasil, mas frisou que a segurança é um dos pontos decisivos na escolha do país-sede de um Mundial. "A segurança é muito importante, mas não é assunto da Fifa. Os governos anfitriões é que são responsáveis por ela", resumiu Blatter, lembrando que a Alemanha precisou garantir a segurança na sua candidatura para a competição que começa em 9 de junho. O cartola suíço foi evasivo se, caso seja mantida a situação atual, o Brasil poderá organizar um Mundial, que hoje tem seleções de 32 países na disputa e recebe milhares de turistas. "Não sou um profeta. A Copa do Mundo na América do Sul será só em 2014."No caderno de encargos, o item segurança tem destaque. São feitas exigências que vão desde a confecção de ingressos nominais até todo o aparato e infra-estrutura no entorno dos estádios. Blatter teceu outros comentários sobre as chances brasileiras para 2014. Disse que recebeu uma carta da federação chilena negando que o país, um oásis de crescimento contínuo na penúria sul-americana, tenha o desejo de competir com o Brasil. E também voltou a afirmar que na sua gestão não será permitida a escolha de duas sedes, como aconteceu em 2002 com Coréia do Sul e Japão. Questionado sobre o Maracanã, ele fugiu do assunto quando questionado se o local deveria estar na lista dos estádios que serão utilizados. "Isso vai estar definido na proposta dos brasileiros", afirmou o presidente da Fifa. O governo Lula, que reduziu os investimentos em segurança, já sinalizou que vai apoiar a candidatura que será apresentada pela Confederação Brasileira de Futebol. Pela agenda de Ricardo Teixeira, o presidente da entidade, a prioridade atual é a construção e a remodelação de estádios. No poder desde 1989, Teixeira já deixou claro que pretende continuar no cargo até que o Brasil volte a abrigar uma Copa, o que não acontece há 56 anos --até hoje só Itália, França, México e, agora, Alemanha tiveram o privilégio de abrigar o Mundial em mais de uma oportunidade. Uma Copa no território nacional, o que daria à seleção brasileira mais chances de ganhar a taça e aumentar ainda mais o seu domínio dos últimos anos, não assusta Blatter por esse prisma."O Brasil tem méritos, e a sua popularidade é boa", concluiu o cartola, que fez troça quando lembrado que a supremacia brasileira pode causar algo parecido à monotonia da principal categoria do automobilismo nos tempos áureos do piloto alemão Michael Schumacher. "Não compare o circo da F-1 com a Copa."

Copa no Brasil ainda é só desejo, diz presidente da Fifa

O QUE FOI DITO EM 2005

21/12/2005 - 11h04 --FÁBIO VICTORda Folha de S.Paulo, em Zurique

Copa no Brasil ainda é só desejo, diz presidente da Fifa

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou ontem que a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, dada como certa pela CBF e por boa parte da comunidade futebolística do país, está longe de ser uma garantia.Conforme o rodízio continental definido pela entidade que rege o futebol mundial, a edição de 2014 será mesmo na América do Sul. Também é fato que a Conmebol (Confederação Sul-Americana) já se posicionou favorável a uma candidatura única do Brasil.Mas, questionado pela Folha se a certeza do Brasil tinha respaldo na Fifa, o dirigente falou em outros candidatos no continente e enumerou obstáculos, deixando claro que por ora o projeto brasileiro não pode ser considerado muito mais do que um desejo."A única decisão tomada pelo Comitê Executivo da Fifa é que a Copa de 2014 será disputada na América do Sul, mas ainda não abrimos as inscrições de candidaturas, e todas as confederações nacionais podem apresentar uma. Se haverá só uma... não sei, talvez duas ou três. Sei que o Chile está considerando uma candidatura, talvez a Bolívia e outros países em conjunto", disse.O Chile, que já foi sede do Mundial de 1962, é hoje o país com os melhores índices sócio-econômicos do continente."Não posso prever o futuro, mas o Brasil não deveria estar tão certo de que vai organizar a Copa, porque há um caderno de encargos, e o país terá de atender a todas essas exigências", prosseguiu o dirigente suíço.Diante do sorriso de uma repórter à resposta, Blatter ainda provocou: "Você está rindo, mas organizar uma Copa do Mundo é uma coisa muito séria. Não é somente Copacabana".O dirigente deu as declarações após uma entrevista coletiva em Zurique na qual fez um balanço do ano e traçou planos para 2006. Atendeu por alguns minutos três jornalistas brasileiros para questões relativas ao país.O "choque de realidade" de Blatter é um alerta para o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que há anos acalenta o sonho de trazer de novo o Mundial para o Brasil. No cargo desde 1989, o cartola dá sinais de que pretende seguir no comando da confederação até 2014 só por causa do projeto, ao qual dedica hoje boa parte de suas articulações políticas.Tem se reunido com políticos em busca de apoio, já foi a Brasília fazer lobby e fez promessas a dirigentes de federações de que seus Estados seriam agraciados com uma das sedes do torneio.Tem o governo federal como aliado: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já revelou em diversas ocasiões seu entusiasmo com a idéia, abraçada com fervor também pelo ministro do Esporte, Agnelo Queiroz.As candidaturas à sede da Copa de 2014 serão apresentadas no ano que vem, e a escolha acontece em 2008. O Mundial de 2010 terá lugar na África do Sul.Escândalo da arbitragemNum outro indício de que sua relação com Teixeira, cuja aspiração é um dia se sentar na cadeira hoje ocupada pelo suíço, pode estar menos afinada do que sugerem as aparências, Blatter insinuou que foi infeliz a decisão de anular os jogos do Brasileiro apitados pelo juiz Edilson Pereira de Carvalho, envolvido em escândalo de manipulação de resultados.As 11 partidas foram repetidas, o que permitiu ao Corinthians levar o título. Tratou-se de uma decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), em tese desvinculado da CBF, mas Blatter reverteu a responsabilidade para a confederação."Isso é um problema da CBF, que resolveu pelo cancelamento. Dei a eles um conselho de como agir, mas eles fizeram o que achavam que tinham de fazer. Não posso dizer mais do que isso. Eles fizeram, então devem encarar os problemas. Na Alemanha [onde ocorreu escândalo semelhante], eles não cancelaram os jogos."Após a conquista corintiana, um torcedor do Inter, que teria levado a taça caso os resultados originais tivessem sido mantidos, foi à Justiça para impedir a CBF de declarar o time paulista campeão, mas, depois, acabou recuando.Blatter, porém, elogiou a forma como a CBF e as autoridades brasileiras agiram no caso. "Fizeram um trabalho muito bom e muito rápido", afirmou ele, que contou ter recebido a visita na sede da Fifa de um inspetor de polícia brasileiro para tratar da questão.O dirigente falou ainda do êxodo de craques brasileiros para o exterior. Disse que não há como limitar o número de atletas negociados, mas que é possível controlar melhor o mercado. "É uma questão com a qual nos preocupamos e que está sendo discutida entre as confederações e a Corte Arbitral do Esporte."

Nuzman discorda do COI e vislumbra Copa e Olimpíada no Brasil

O QUE FOI DITO EM 2005

31/08/2005 - 14h47 == da Folha Online

Nuzman discorda do COI e vislumbra Copa e Olimpíada no Brasil

Apesar da opinião do presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Jacques Rogge, de que seria difícil para o Brasil organizar a Copa do Mundo-2014 e a também a Olimpíada-2016, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, disse hoje que o país pode realizar os dois eventos.Para Nuzman, uma coisa inclusive ajuda a outra. "A Copa do Mundo realizada antes facilita a candidatura olímpica, pois cria uma estrutura que já seria citada no processo de candidatura", disse.Nuzman citou exemplos como os do México (Jogos Olímpicos de 1968 e Copa do Mundo de 1970), Alemanha (Jogos Olímpicos de 1972 e Copa do Mundo de 1974) e Estados Unidos (Copa do Mundo de 1994 e Jogos Olímpicos de 1996).A opinião de Rogge é diferente. "O Brasil precisa definir suas prioridades. Ouvimos falar do projeto para receber a Copa de 2014 e os Jogos de 2016. Não é impossível, mas é muito difícil organizar as duas coisas", afirmou ontem, no Rio.Como a Fifa adota o rodízio de continentes --revezamento das sedes das competições segundo critérios geográficos--, já é consenso na Conmebol que o Brasil será a sede do Mundial de 2014, de direito da América do Sul.O projeto Rio-2016 também já foi anunciado pelo COB logo que o país ficou fora da escolha para os Jogos de 2012, vencida por Londres."Conversei com o presidente Rogge pessoalmente e ele me confirmou que esta será uma decisão do governo, e que não é impossível realizar as duas competições em curto período de tempo", revelou Nuzman.

Copa trava sonho olímpico do Brasil em 2016, diz Rogge

RECORDANDO O QUE FOI DITO EM 2005

31/08/2005 - 10h17 --LUÍS FERRARIda Folha de S.Paulo

Copa trava sonho olímpico do Brasil em 2016, diz Rogge

O belga Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional, praticamente descartou o sonho do Brasil de receber a Olimpíada de 2016. Motivo: a proximidade com outro evento esportivo de grande porte que o país pretende organizar."O Brasil precisa definir suas prioridades. Ouvimos falar do projeto para receber a Copa de 2014 e os Jogos de 2016. Não é impossível, mas é muito difícil organizar as duas coisas", afirmou o dirigente ontem, no Rio.Como a Fifa adota o rodízio de continentes --revezamento das sedes das competições segundo critérios geográficos--, já é consenso na Conmebol que o Brasil será a sede do Mundial de 2014, de direito da América do Sul.A declaração do principal dirigente do movimento olímpico mundial é uma menção contrária à postulação brasileira à Olimpíada de 2016. Segundo o dirigente, organizar uma Copa é muito diferente de uma Olimpíada. Ele apresentou números das duas competições para justificar a posição. "Na Copa, estão envolvidos 600 jogadores, contra 10 mil da Olimpíada. São três jogos por dia, no período em que há mais partidas. Na Olimpíada, são 28 títulos disputados em 14 dias."Porém o que o belga, cuja entidade não segue os moldes da Fifa, considerou uma missão dificílima já aconteceu antes. Os EUA receberam a Copa de 1994 e os Jogos de Atlanta, dois anos mais tarde. O mesmo ocorreu com a Alemanha Ocidental, que abrigou a Olimpíada em Munique-72 e o Mundial de futebol em 1974.Apesar de ter manifestado a dificuldade do projeto Rio-2016 --anunciado pelo COB logo que o país ficou fora da escolha para os Jogos de 2012, vencida por Londres--, Rogge elogiou a estrutura do Pan-07.Ontem, ele visitou duas obras de instalações que serão usadas na competição. Elogiou a Vila Pan-Americana e disse que sentiu uma emoção particular em conhecer o estádio João Havelange, que leva o nome de um decano do COI e seu amigo pessoal. "O fato de haver um estádio com o nome dele é um exemplo", comentou.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Presidente da Fifa diz que Copa pede mais investimentos

RECORDANDO 2004

03/06/2004 - 00h19 =PAULO COBOSda Folha de S.Paulo, em Belo Horizonte (MG)

Presidente da Fifa diz que Copa pede mais investimentos

A advertência é do presidente da Fifa, Joseph Blatter. E atinge em cheio a organização da partida desta quarta-feira entre Brasil e Argentina e as pretensões dos brasileiros para receber a Copa de 2014."O Brasil precisa de muito investimento", afirmou o dirigente, questionado sobre as condições do jogo no Mineirão e os planos do país para abrigar o Mundial. Pela manhã, Ricardo Teixeira havia dito que o jogo seria um teste com vistas à Copa. Os incidentes no Mineirão, porém, passaram longe dos padrões de um torneio de alto nível. O estádio teve vários problemas.Quem pagou R$ 120 ficou sentado junto com quem desembolsou R$ 150, por exemplo. Com uma hora para o início do jogo, o setor de imprensa, um dos pontos fortes do reformado Mineirão, segundo CBF e governo, foi invadido por torcedores. Na entrada, ninguém impedia a ação dos cambistas, que cobravam até R$ 100 por ingressos de R$ 30. Para entrar no Mineirão, os cerca de 800 jornalistas credenciados precisavam portar ingressos magnéticos, que não eram destruídos na hora.

Revezamento da tocha no Rio vira campanha pela Olimpíada-2016

RECORDANDO 2004

14/06/2004 - 00h59 --EDUARDO OHATAda Folha de S.Paulo

Revezamento da tocha no Rio vira campanha pela Olimpíada-2016

A maratona da tocha, tida até a eliminação carioca como um evento pró-candidatura do Rio à Olimpíada-2012, transformou-se em uma campanha por 2016. O prefeito Cesar Maia (PFL), em cerimônia no Palácio da Cidade, aproveitou para fazer dupla campanha. Disse que gostaria de tentar de novo levar ao Rio os Jogos. No processo, aproveitou para promover sua campanha à reeleição. "Se estiver em 2008 na prefeitura, se os eleitores quiserem, vamos tentar novamente", disse. O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, que após a exclusão do Rio à corrida olímpica indicou que suas prioridades passariam a ser o Pan-2007 e a campanha à Copa-2014, disse no domingo, pela primeira vez, que o Brasil deve entrar na corrida pelos Jogos-2016. "Vamos mostrar, no Pan de 2007, que podemos recepcionar competições de grande porte. Disputar uma Olimpíada é uma grande oportunidade. O Brasil deve tentar 2016", disse ele, que reconheceu que o país precisa melhorar sua infra-estrutura. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, que logo depois do revés sofrido pelo Rio defendeu a candidatura por 2016, uma vez mais levantou sua bandeira. "O evento da tocha tem uma simbologia e é emblemático da vontade do Brasil em receber os Jogos. É uma preparação para o Pan, com o qual o Brasil caminha para organizar a Olimpíada. Talvez mais cedo do que se pensa."

CBF exclui jogadores da lista de convidados

RECORDANDO 2004

19/05/2004 - 00h11 --FERNANDO MELLOPAULO COBOSda Folha de S.Paulo, em Paris

CBF exclui jogadores da lista de convidados

A CBF recebeu carta-branca da Fifa para levar grande comitiva para celebrar em Paris os cem anos da entidade. E, na lista de convidados, não aparece ninguém que fez em campo o país ser a maior potência da modalidade.No Boeing 767 que levou mais de 200 pessoas à capital francesa não estava um jogador campeão mundial. Sem contar vencedores de 2002, o Brasil tem mais de 50 atletas vivos que já ganharam a Copa. A CBF preferiu comitiva eclética que nunca usou chuteiras.O grosso dos convidados é formado por cartolas, empresários e amigos e parentes de funcionários da CBF. Há cerca de dez jornalistas. A comitiva conta com a presença de senadores, ministros e um governador, chamados para mostrar que a candidatura à Copa-2014 tem respaldo nas variadas facções da política nacional. Entre os que confirmaram presença no jogo de quinta-feira, no Stade de France, entre França e Brasil estão a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o governador Aécio Neves (Minas Gerais) e os ministros Agnelo Queiroz (Esporte) e Gilberto Gil (Cultura). Celebridades, como a modelo Luiza Brunet e o ator Rafael Calomeni, também não foram esquecidos pelos dirigentes da CBF, que não tem na sua alta cúpula ninguém que já jogou bola. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que preteriu os atletas para não criar injustiças. "Acabamos de sair de um episódio ruim, a lista feita por Pelé [dos 125 melhores jogadores vivos da história]. Não encontrei critério que não melindrasse ninguém. Se convidasse os capitães campeões, deixaria o Pelé de fora. E nem sempre o capitão foi o mais representativo jogador de sua seleção." O cartola diz que seguiu o mesmo raciocínio em relação a clubes e federações. Só as entidades paulista e carioca foram contempladas,"para não gerar ciumeira".A CBF já foi acusada outras vezes de ignorar ex-jogadores em festividades. Numa das únicas vezes em que tentou fazer o contrário se deu mal, já que Bellinni, capitão do time que ganhou a Copa da Suécia não aceitou o convite para ir à Suíça defender a candidatura brasileira à Copa de 2006. Os escolhidos pela CBF receberam convites em papel timbrado da Fifa. Mas quase toda a estrutura da viagem foi montada pela agência de turismo que cuida das excursões da seleção. E o custo da viagem é alto. O fretamento do avião custou US$ 250 mil. A comitiva está espalhada por três hotéis luxuosos, em que uma diária não custa menos de R$ 700.

Ricardo Teixeira volta a Brasília e faz lobby por verba e Copa

RECORDANDO 2004

1/05/2004 - 08h33 --FERNANDO MELLOda Folha de S.Paulo

Ricardo Teixeira volta a Brasília e faz lobby por verba e Copa

Dois anos e meio após ser metralhado em duas CPIs que devassaram sua gestão na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e sua vida privada, Ricardo Teixeira voltou a fazer corpo-a-corpo no centro do poder em Brasília.Longe dos holofotes e munido de convites assinados por Joseph Blatter para viagem a Paris com tudo pago pela Fifa, o presidente da CBF reativou o lobby da entidade na capital federal. Foi a primeira vez que Teixeira pisou no Congresso depois do depoimento aos deputados da CPI da CBF/Nike, em 10 de abril de 2001, apontado por ele mesmo como um dos piores momentos de sua gestão.Em dois dias, segunda e terça-feira da semana passada, o cartola teve audiência com representantes influentes dos três Poderes.Começou o périplo pela esfera que foi a principal pedra no sapato dos 15 anos de sua gestão. Almoçou na casa do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), acompanhado de Fernando Sarney, filho do ex-presidente da República e vice da CBF para a região Norte. Foi recebido pelo presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP).Do Senado, convidou ainda o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), seu amigo de escola Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o petista Delcídio do Amaral (MS).A todos, fez o mesmo discurso. Ao entregar a carta em que o presidente da Fifa convida para a festa do centenário da entidade, no jogo França x Brasil, falou sobre a importância da presença da nata política brasileira em Paris. Disse que seria a melhor forma de demonstrar que o país está empenhado na candidatura brasileira a sede da Copa de 2014.A escolha acontece apenas em 2008. Com o apoio de representantes de todos os partidos importantes, Teixeira quer mostrar a seus pares na Fifa que o compromisso em torno da postulação não é apenas do governo Lula, e sim de toda a sociedade brasileira.O dirigente também esteve na Esplanada dos Ministérios. Entregou o convite a Agnelo Queiroz (Esporte), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Walfrido Mares Guia (Turismo). Gilberto Gil (Cultura) também está na lista.Do Judiciário, Teixeira encontrou o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, e o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Vantuil Abdala. A comitiva embarca para Paris, em vôo fretado pela Fifa, na segunda.A visita a Brasília não teve apenas a Copa-14 como justificativa. O dirigente aproveitou para fazer corpo-a-corpo no DF para defender alterações legislativas que beneficiem o futebol. A última vez que isso ocorreu foi em 2000, quando o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) alterou a Lei Pelé.A João Paulo Cunha, por exemplo, o presidente da CBF pediu empenho na inclusão de regras específicas para o jogador de futebol no Estatuto do Desporto. A demanda do setor é pela vedação de pagamento de adicional noturno e horas extras aos atletas."Falei para o presidente da Câmara que ele tem que nos ajudar nesse assunto. Os clubes não podem ficar nessa situação financeira, é preciso mudar a legislação", afirmou na segunda-feira o presidente da CBF, que embarcou para Zurique, onde participa da reunião que decidirá a sede da Copa de 2010.O cartola também pediu aos congressistas que parte do dinheiro da Lei Piva passe ao futebol --hoje, o Comitê Olímpico Brasileiro (85%) e o Comitê Paraolímpico (15%) dividem as verbas advindas das loterias.Segundo a Folha apurou, essa demanda não foi feita na conversa com o ministro do Esporte. A avaliação na CBF é que Agnelo Queiroz está totalmente alinhado com Carlos Arthur Nuzman (COB), que não aceita perder arrecadação da loteria para o futebol.Na visita ao presidente do TST, Teixeira levou proposta para fixar um teto para as ações trabalhista. Os clubes e a CBF querem que o TST fixe em 15% das receitas a parcela máxima destinada pelos clubes ao pagamentos dessas dívidas --o que já acontece em Pernambuco e no Rio de Janeiro.

Por 2ª Copa no Brasil, CBF diz não ao sonho olímpico do Rio

RECORDANDO 2003

20/07/2003 - 09h13 --FERNANDO MELLOda Folha de S.Paulo

Por 2ª Copa no Brasil, CBF diz não ao sonho olímpico do Rio

Não bastasse ter como rivais algumas das maiores potências do planeta, no que foi definido pelo Comitê Olímpico Internacional como a mais dura disputa da história pelos Jogos, a candidatura do Rio a 2012 ganhou um inimigo dentro de casa: a Confederação Brasileira de Futebol.A entidade não enviará à Prefeitura do Rio documento considerado essencial pelo COI, expondo o racha entre Ricardo Teixeira e Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.A disputa política entre os dois mais influentes cartolas do país será agravada pela negativa da CBF em assegurar que, durante o "período olímpico" --cerca de sete semanas-- não haverá nenhuma partida de futebol por torneios oficiais no Grande Rio."Não posso alijar os times do Rio da disputa do Campeonato Brasileiro. Também não posso interrompê-lo por quase dois meses. Por isso, não temos como dar esta garantia", disse Teixeira à Folha, por telefone, de Miami, onde acompanha a seleção sub-23.São várias as alegações oficiais para a CBF não atender ao ofício de Ruy Cezar, secretário de Esportes do Rio. A primeira é que o futebol não pode ter prejuízos por causa da Olimpíada. Pelo raciocínio, os clubes não arrecadarão dinheiro sem jogos, seja via bilheteria, seja pelos contratos firmados com a TV. Para completar, teriam que continuar pagando salários a seus atletas e funcionários normalmente. Poderia haver quebradeira, argumenta a CBF.O segundo motivo oficial está no prazo de paralisação. Além dos 16 dias da competição, o COI determina que não podem ser realizados eventos na sede olímpica nas duas semanas anteriores e nas duas posteriores aos Jogos.Antes de tomar a decisão, Teixeira consultou Eduardo Viana, o Caixa D'Água. O presidente da Federação do Rio concordou e disse também não estar disposto a dar o aval para a paralisação.Para além dos motivos oficiais, no entanto, estão em jogo as disputas históricas entre CBF e COB, Teixeira e Nuzman, CBF e governo federal, Fifa e COI, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.Ao criar dificuldades para a candidatura do Rio, Teixeira pensa em sua maior meta, algo que nem seu ex-sogro João Havelange conseguiu: realizar uma Copa no Brasil. Na avaliação do dirigente, se o Rio vencer, diminuiriam consideravelmente as chances de o país abrigar o Mundial em 2014.Embora publicamente diga que não, a CBF trabalha fortemente com a possibilidade de apresentar "candidatura-tampão" para ser sede da Copa em 2010.Para isso, Teixeira aposta que nenhum país da África será aprovado pelo Comitê Executivo da Fifa --do qual faz parte."Muita gente fala da candidatura do Rio, mas ninguém fala da Copa do Mundo no Brasil, um antigo sonho, que está sacramentado pela Fifa. Seria fantástico para a cidade do Rio receber uma Olimpíada. Mas uma Copa tem uma abrangência bem maior. Afeta o país inteiro. Doze cidades serão beneficiadas", diz Teixeira.A negativa também envolve disputas políticas, tanto no exterior quanto no Brasil. Fora do país, o gesto pode trazer frutos a Teixeira na Fifa. A entidade vive às turras com o COI por ser tratada como "patinho feio" nos Jogos.Não beijar a mão do "movimento olímpico", colocando o futebol acima dos outros, é um ato simpático a Joseph Blatter.Em casa, a atitude tem dois alvos. O primeiro é Nuzman. Reservadamente, Teixeira diz que o presidente do COB pouco fez para ajudar o principal esporte do país e que nunca deu valor a seu trabalho na CBF. Também acha que Nuzman trabalhou para que ele fosse afastado da entidade durante as CPIs que devassaram o futebol. Argumenta ainda que, ao contrário da CBF, o COB usa dinheiro público, da Lei Piva.A antipatia é recíproca. O COB reclama que a CBF sempre cria dificuldades, seus atletas nunca ficam na Vila Olímpica e que Teixeira pouco aparece nas assembléias do comitê.O outro alvo é Agnelo Queiroz. Teixeira acha que o ministro é muito próximo de Nuzman e não deu apoio à articulação para a vinda da Copa-2014 para o Brasil. Além disso, é contra vários pontos do Estatuto do Torcedor.
23/08/2007 - 19h58
Rio de Janeiro quer receber Copa das Confederações-2013
da Lancepress
O Rio de Janeiro largou na frente das outras cidades brasileiras candidatas a sediar jogos da Copa do Mundo de 2014. Isso porque o Comitê de Inspeção da Fifa, que chegou na manhã desta quinta-feira ao Brasil, foi recebido pelo governador Sérgio Cabral no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador, para um almoço.
Na ocasião, Hugo Salcedo, chefe da Comissão de Inspeção, recebeu de Sérgio Cabral uma carta endereçada ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, garantindo total comprometimento do estado com a Copa-2014, caso ela seja realizada no Brasil.
Além disso, Cabral aproveitou a carta para expressar o desejo do Rio em receber o sorteio dos grupos do Mundial e, principalmente, a Copa das Confederações de 2013.
"Com toda a experiência que o Rio de Janeiro tem de organizar eventos internacionais, posso dizer que o nosso estado está mais do que preparado para receber a Copa do Mundo", afirmou Sérgio Cabral.
Depois do evento, Hugo Salcedo recebeu das mãos de Sérgio Cabral a chave do Estado do Rio de Janeiro
No período da tarde, os cinco integrantes do Comitê de Inspeção que vieram ao Brasil se reuniram com dirigentes da CBF para tratar dos detalhes finais antes do início das vistorias, que começam com as apresentações dos projetos das cidades nordestinas de Fortaleza, Olinda/Recife, Salvador, Maceió e Natal.

Sem saber o preço, Rio promete à Fifa que custeará Copa-2014

DEUS NOS ACUDA

24/08/2007 - 10h34 ==SÉRGIO RANGELda Folha de S.Paulo, no Rio

Sem saber o preço, Rio promete à Fifa que custeará Copa-2014

Sem saber o orçamento, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), deu ontem aos integrantes da Comissão de Inspeção da Fifa garantias para transformar o Estado numa das sedes da Copa de 2014.
Depois de almoçar, Cabral entregou uma carta a Hugo Salcedo, chefe dos inspetores da entidade, em que se comprometia disponibilizar "todo tipo de recursos e infra-estrutura" para o Rio abrigar o evento.
No documento,o governador diz que o Estado quer receber o sorteio dos grupos do Mundial, seminários e cursos da entidade, além dos jogos da Copa das Confederações em 2013.
Cabral disse também que terá "satisfação em promover todas as ações necessárias" para abrigar o centro de imprensa.
Mas o governador não soube responder a quantia que os cofres públicos teriam que desembolsar. "Isto será [discutido] em uma outra fase. O importante agora é ter a garantia do Rio", disse Cabral.

O Brasil é o único candidato a receber a Copa de 2014. Até agora, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que é o líder da candidatura, não informou quanto custará o evento.
O estouro do orçamento criou uma série de crises entre os governos (municipal, estadual e federal) nos preparativos para o Rio realizar o Pan. A conta subiu quase 800% em relação ao valor divulgado em 2002, quando a cidade foi escolhida como sede --chegou a R$ 3,7 bilhões de dinheiro público.
Já a próxima Copa do Mundo deverá custar cerca de US$ 2 bilhões (R$ 4 bilhões), segundo o comitê organizador sul-africano. A maior parte do dinheiro será usada na construção e reforma de aeroportos, estradas e linhas de trem.
O Mundial de 2006 custou entre R$ 22 bilhões e R$ 27 bilhões, diz a Fifa. A entidade decidirá em outubro se o Brasil receberá a Copa. Na turnê pelo país, os inspetores avaliarão os projetos das 18 cidades que querem abrigar os jogos. Hoje, serão apresentados cinco. Se o Brasil ganhar a Copa, a Fifa deve escolher 12 delas.
Avaliação já vai começar hoje
A Comissão de Inspeção da Fifa chegou ontem ao Brasil. No Rio de Janeiro, os representantes da entidade foram recebidos pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e almoçaram com o governador Sérgio Cabral.
O trabalho de avaliação das cidades candidatas começa hoje. No hotel Windsor, na Barra da Tijuca, Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Maceió (AL) e Natal (RN) apresentarão suas credenciais. Amanhã é a vez de Florianópolis (SC), Curitiba, Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Goiânia (GO). No domingo, Manaus (AM), Rio Branco (AC) e Belém (PA).
Na semana que vem, os inspetores da Fifa começam um giro pelo Brasil, para visitar cinco cidades que já estariam garantidas como sedes, caso a Copa seja mesmo confirmada no País. Segunda-feira, eles estarão em Brasília, onde se encontram com o presidente Lula. Depois, viajam para Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e voltam para o Rio.
O último compromisso da visita está marcado para o dia 1.º de setembro (sexta-feira): uma entrevista coletiva para a imprensa. No dia 2, os inspetores pegam o vôo de volta para a Europa.

Paraná apresenta projeto para sediar Copa de 2014

esportes@parana-online.com.br---Cahuê Miranda [24/08/2007]

Paraná apresenta projeto para sediar Copa de 2014

Secretário de Estado do Turismo, Celso Caron, estará no Rio de Janeiro.O Paraná pode ficar mais perto da Copa do Mundo de 2014 amanhã. Em um hotel no Rio de Janeiro, governo do Estado, Prefeitura de Curitiba e Atlético apresentarão à FIFA as credenciais da capital e da Arena da Baixada para receber jogos do mundial de futebol.
Os representantes paranaenses terão uma hora para defender a candidatura de Curitiba. A infra-estrutura da cidade será o foco central da apresentação. Rede hoteleira, aeroportos, hospitais, transportes e segurança são os interesses principais dos inspetores da Fifa.
Para convencer a entidade de que Curitiba está apta a receber a Copa, foi preparado um vídeo de meia hora de duração. “Vamos mostrar toda a capacidade da cidade para a organização de grandes eventos e o envolvimento da população, que deseja a realização da copa do mundo aqui. Também vamos ressaltar o apelo internacional que Curitiba tem na questão ambiental, que é uma das grandes preocupações da Fifa para esse mundial”, diz o secretário municipal de Turismo, Luiz de Carvalho.
O estádio rubro-negro vai ocupar apenas uma pequena parte da apresentação. “Vamos mostrar algumas imagens e informações gerais sobre a Arena. Não há tempo para expor o projeto completo”, diz o diretor de marketing do Atlético, Mauro Holzmann. O clube também deve apresentar a estrutura do CT do Caju, que pode abrigar alguma seleção durante o mundial.
A apresentação será coordenada pelo secretário de Estado do Turismo, Celso Caron. A reportagem de O Estado tentou ouvir Caron, mas foi informada por seu gabinete que ele está viajando. O secretário também não atendeu as ligações para seu telefone celular.
Curitiba concorre por um lugar na copa com outros 18 municípios. Em outubro, a Fifa deve anunciar oficialmente o Brasil como sede do mundial. As 10 ou 12 cidades que receberão os jogos serão escolhidas até o dia 31 de outubro de 2008.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Copa do Mundo de 2010 no Brasil

03/08/2007 EDUARDO VIEIRA DA COSTAEditor de Esporte da Folha Online
Copa do Mundo de 2010 no Brasil
A Copa do Mundo de futebol deve acontecer no Brasil. E já em 2010. Não o Mundial da Fifa, mas a Copa do Mundo dos sem-teto. Sim, existe uma Copa do Mundo de sem-tetos. E sem-teto tem de monte no Brasil. Infelizmente.
A atual edição está sendo disputada em Copenhague, na Dinamarca.
Apesar do grande número de "elegíveis" no Brasil, o país nunca teve um grande time. Nas quatro edições do torneio, que acontece anualmente desde 2003, a melhor colocação foi um quarto lugar na competição inaugural, em Graz, na Áustria.
Tudo bem. Na Copa do Mundo dos sem-teto, o que importa não é o resultado esportivo, e sim a tentativa de inclusão social --isso pelo menos na teoria.
Os campeões até hoje foram a própria Áustria, em 2003, a Itália, em 2004 e 2005, e a Rússia, em 2006.
Pelo visto, ao contrário do que possa parecer, estes países também têm seus sem-teto. Impressionam mais ainda as participações de times de países como Finlândia, Suíça, Suécia, Escócia e Canadá.
Para poder participar, a pessoa tem que ser ou ter sido sem-teto após 1º de outubro de 2006, quando aconteceu o último Mundial, de acordo com a definição nacional de sem-teto, ou sobreviver da venda de publicações de rua --caso da revista brasileira Ocas, que organiza o time brasileiro.
Depois do 16º lugar na Cidade do Cabo no ano passado, o Brasil, um dos poucos países que têm mulheres no time, mais uma vez começou mal neste ano e levou goleadas de Ucrânia (6 a 0) e Portugal (7 a 1). Também perdeu da Sérvia (7 a 6). Mas venceu a Grécia por 5 a 0 e a Alemanha, por 9 a 3. Nesta sexta-feira, pega a Lituania, nas quartas-de-final.
Mesmo se perder, o time brasileiro poderá ter melhor chance em 2010, quando deverá jogar em casa (sem trocadilho de mau gosto). De acordo com o próprio site oficial do torneio (www.homelessworldcup.org), a Ocas (Organização Civil de Ação Social) planeja criar uma liga brasileira de futebol de rua. E isso pode resultar em uma Copa do Mundo no Brasil em 2010 --em 2008, a sede será Melbourne, na Austrália, e para 2009 ainda não há definição.
Quem sabe um torneio como esse no Brasil possa ajudar a fazer com que possíveis investimentos no país para a realização da Copa do Mundo da Fifa, em 2014, realmente sirvam para melhorar a vida da população. Principalmente os investimentos governamentais, em obras de infra-estrutura. No Pan, os gastos foram absurdos e os benefícios para o futuro, ao que tudo indica, serão mínimos.
Mas de que importa uma Copa do Mundo de sem-tetos diante da grandiosidade de uma Copa do Mundo de verdade? Talvez seja melhor perguntar a um sem-teto de que importa uma Copa do Mundo de verdade no Brasil.

CPI do Pan pode nem começar

20 de agosto de 2007
a Tribuna

CPI do Pan pode nem começar

Vereador apela para que população pressione Câmara a instalar comissão para investigar gastos com Jogos
Rodrigo Otávio
O vereador Eliomar Coelho (PSOL-RJ), autor do requerimento para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar denúncias de irregularidades nas obras para os Jogos Pan-Americanos, quer ajuda da população. A instalação da CPI já foi adiada duas vezes, a última na semana passada, e a próxima tentativa só será feita em novembro, às vésperas do recesso. Ou seja, cheiro de pizza no ar.
Para Eliomar Coelho, só a pressão da população pode evitar que isso aconteça. Ele pede que os moradores do Rio mandem e-mails e cartas para os vereadores que votaram contra a CPI, solicitando que eles revejam suas posições e iniciem as investigações das inúmeras denúncias que envolvem a preparação e realização do evento.
Segundo o vereador, a organização dos Jogos Pan-Americanos do Rio foi o mais caro de toda a história dos Jogos. "Se você pegar o que foi gasto nos últimos cinco jogos, somados, o nosso foi mais caro. Tem alguma coisa de não correto nessa história toda", acrescenta.
TRIBUNA DA IMPRENSA - Por que uma CPI sobre o Pan?
ELIOMAR COELHO - Durante todo o período de preparação para a realização dos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos foram veiculadas possíveis irregularidades que poderiam estar acontecendo em função de um orçamento que foi previsto inicilamente, e em determinadas fases, o que estava sendo gasto até então, era duas, três, quatro vezes aquilo que tinha sido previsto. Então isso daí começou realmente a levantar uma série de questões. Tanto que, no final, praticamente se chegou a quase dez vezes o orçamento inicial. Eram R$ 414 milhões e se gastou quase R$ 4 bilhões. E é claro que você ao analisar isto, quer dizer, ou está havendo má administração, ou então o planejamento foi totalmente errado, ou então está havendo corrupção.
Bom, em paralelo a isto, o Tribunal de Contas da União (TCU) começou a fazer alertas, e alertas mais ou menos na mesma direção também. Para você ter noção, um exemplo concreto, o Engenhão foi orçado inicialmente em R$ 60 milhões. Menos de um ano de obras e já estava em R$ 160 milhões. Terminou em mais de R$ 400 milhões. Para você ter noção, o contrato da empresa que construiu o Engenhão com a Prefeitura teve 20 aditivos. Então isto daí realmente é um negócio que começa a preocupar.
Eu sou engenheiro. Então, na engenharia, quando você tem um determinado projeto você chega e faz o orçamento. É claro que lá no final da obra não vai bater exatamente. Há uma diferença, mas uma diferença pequena. Quer dizer, quanto melhor tiver sido feito o orçamento, mais próximo daquilo que se orçou é o resultado final de quanto custa a obra. Então você pode até ter uma diferença de 5, de 10, de 15. 20% já é para você ficar antenado e começar a tentar verificar o que está acontecendo por conta daquela diferença. Agora, dez vezes mais realmente é um negócio complicado.
A CPI, caso aconteça, será só sobre gastos financeiros ou abrangerá outros aspectos?
Todos os aspectos dos jogos Pan-Americanos. Porque o que acontece é o seguinte; quando isto foi vendido para a população da cidade do Rio de Janeiro, ligamos a sociedade carioca, foi vendido como, digamos, aquela grande confraternização, que é o verdadeiro objetivo de um evento desta natureza. Iria realmente se aportar recursos, mas em compensação ficaria um legado para a cidade do Rio de Janeiro. Esse legado a gente não está vendo.
Quer dizer, o Engenhão, que inclusive já caiu o muro e isso e aquilo, está aí e está alugado para o Botafogo por R$ 30 mil por mês. Maria Lenk (parque aquático), que inclusive já está rachado, está sendo colocado em licitação. Ou seja, passando esses "equipamentos" esportivos para a iniciativa privada. Então a cidade do Rio de Janeiro, o povo, utilizar está praticamente descartado. Aí não tem legado.
Coisas que foram anunciadas não foram feitas. Duplicação de avenidas, despoluição de lagoas; ou seja, uma série de anúncios que eram feitos, sob a forma de bravatas, e não se realizaram.
Mas a CPI não corre o risco de ficar muito ampla?
Não. Veja bem, primeiro tem esse volume de recursos que é astronômicamente diferente. Tem um fato curioso aí. A cidade do Rio de Janeiro teve cinco anos para se preparar para a realização desses jogos. Então quando chega faltando mais ou menos seis meses, começou, quem era responsável exatamente por entregar a obra, a dizer que não ia ter tempo para terminar e que precisava se imprimir uma certa urgência. Por conta de se imprimir essa certa urgência então dispensasse licitação. Isso daí é um negócio complicado e nos deixa...
...isso de fato aconteceu?...
...Aconteceu! Dispensa de licitação até dizer chega. E dispensa de licitação não só em relação ao governo municipal, mas também com o governo estadual e o governo federal, diga-se de passagem. Eu me lembro que, em relação aos instrumentos responsáveis por dar segurança aos jogos, uma vez eu li que R$ 190 milhões tinham sido só por conta de dispensa de licitação. Quer dizer, R$ 190 milhões não é pouco dinheiro. Você dispensar a licitação? Como é que é isso? Como se justifica? Mas isso aconteceu o tempo todo. Por exemplo, na véspera do Carnaval, eu me lembro, R$ 80,5 milhões foram dados para a empresa que construía o Engenhão. Quer dizer, a troco de quê...
...Era a OAS?
Passou. Quem terminou foi a OAS. Começou com uma outra, mas quem terminou foi a OAS, o que significa uma gestão. Então tem aspectos aí, negócio dos ingressos, que houve uma grande reclamação, que nós vamos analisar. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o objetivo dela, é fazer a averiguação de tudo isto aí.
Em que pé está a Comissão, está instalada ou não está instalada?
A Comissão não está instalada porque tem havido manobras, que eu digo vergonhosas, de prepostos do prefeito aqui na Câmara, que compõem sua base de sustentação política e que realmente têm tentando embarreirar a instalação desta CPI. A instalação da CPI era para ter acontecido em junho. São cinco nomes: Eu, que sou o autor da solicitação de instalação da CPI, a vereadora Patrícia Amorim (PSDB), o vereador Nadinho, de Rio das Pedras (DEM), o vereador Carlo Caiado (DEM) e o vereador Luiz Antômio Guaraná (PSDB).
Na primeira reunião que nós fizemos, exatamente para instalar a CPI, alguns membros fizeram ponderações para que não houvesse a instalação naquela época. Sob a alegação de que logo em seguida a Câmara iria entrar em recesso e sob a alegação de que o mês de julho seria o mês de realização dos jogos Pan-Americanos. Não se desejava de forma alguma criar qualquer possibilidade de turvar, digamos, o brilho dos jogos. E o terceiro argumento que eles utilizaram era que existe uma comissão especial aqui na Casa para acompanhar a preparação dos jogos, então eles diziam que essa comissão estava terminando um relatório na primeira semana de agosto, com certeza esse relatório estaria terminado e seria até um material para subsidiar o trabalho da CPI.
Então nós demos mais uma semana e aí houve um acordo entre os cinco membros da comissão para que a instalação acontecesse no dia 14 de agosto. No dia 14 a gente sentou novamente para essa reunião de instalação e aí já o vereador Nadinho apresentou uma proposta dizendo que queria que houvesse o adiamento da instalação para o dia 15 de novembro. 15 de novembro é até feriado, né, proclamação da República.
Aí a gente começou a dizer: "Primeiro, há um acordo. Esse acordo deve ser cumprido porque foi feito entre os cinco membros da comissão. E todos aqui estão presentes. Segundo, concordamos da 1ª vez com o adiamento muito por conta das ponderações dos companheiros, mas que esta comissão não tem nada a ver com a comissão especial. Comissão especial é uma coisa, comissão parlamentar de inquérito é outra".
A comisão especial da casa já está... há uma investigação...
...Aí é que está, a Comissão Parlamentar de Inquérito é que tem esse caráter. Então, o que acontece? Uma coisa não tem nada a ver com a outra. E a gente não pode ficar de forma alguma protelando o início toda vez que a gente senta para fazer a sessão de instalação e eleição da relatoria. E aí a gente colocou, "olha, o Tribunal de Contas da União já está em ação". Inclusive já mandou suspender pagamento às empresas que têm contas a receber da Prefeitura.
O Tribunal de Contas disse: "o que for de dinheiro nosso tem que suspender tudo!". A Polícia Federal, através da delegacia de crimes financeiros, já está em ação, quer dizer; nós, Legislativo Municipal, para dar resposta ao cidadão ou a cidadã carioca, já devíamos estar na frente desses órgãos. E o que eu estou vendo realmente é uma intenção de embarreirar o tempo todo. E é claro que não há o menor interesse do prefeito de que haja uma CPI para valer aqui. São temerosos, se são temerosos é porque tem alguma coisa esquisita nesta história toda. Lamentavelmente.
E o placar para essa última não instalação foi 3 a 2
3 a 2! Com voto do Nadinho, do Carlo Caiado e do Guaraná, PSDB, que foi uma surpresa. A gente achava que ele ia votar favorável mas, infelizmente, ficou do lado de lá.
Voltando aos recursos financeiros do Pan, quem pagou esse montante e quem recebeu?
Olha, os recursos aportados vieram da União, do Estado e também do Município. Quer dizer, são os três entes aí responsáveis por aportar recursos na preparação e realização dos jogos.
E quem recebeu?
Olha, você pode admitir a hipótese de que quem ganhou ouro mesmo não foram os atletas, entendeu. Quem ganhou ouro mesmo foi um pessoal aí que estava por conta da organização, preparação e realização desses jogos. E devem ter recebido, né. Eles ficam alegando que alguma coisa eles tiveram que fazer a mais, exatamente para preparar a cidade do Rio para eventos esportivos em 2014, 2016, Copa do Mundo, Olimpíadas...Já foi também dito que não tem a menor condição de receber esses eventos com o que está aí, tem que fazer muita coisa.
Segundo, é essa coisa que eles alegam, esquema de segurança, instrumentos, isso e aquilo, então isso aí fica para a cidade do Rio de Janeiro". Então eles começam a dar algumas justificativas, e o que acontece é o seguinte: essa cidade precisa de um tratamento, digamos, de choque na gestão da política de segurança para dar ao cidadão, à cidadã, o mínimo de tranqüilidade no ir e vir. Então não necessita de Jogos Pan-Americanos ou Parapan-Americanos para você aportar recursos na segurança do Rio de Janeiro. Então, quem ganhou dinheiro?
Eu sempre afirmei que nós tínhamos o maior orgulho do Rio de Janeiro sediar esses jogos. O que a gente não queria era aceitar como justificativa desmandos que estavam a olhos vistos acontecendo, isso daí a gente não aceita. Foi anunciada também, quando se vendeu a idéia dos jogos, uma agenda social do Pan. Esta agenda social do Pan está muito aquém daquilo que deveria ter sido.
Aí você hoje pode dizer o seguinte: parece que aquela confraternização entre as várias modalidades de esporte, entre os esportistas, que são os atores principais do evento, isso daí parece que não se sente tão beneficiado, tão agraciado, em função do dinheiro que foi gasto. Então parece mais, digamos, você ter criado espaços para a realização de grandes negócios das "grifes" do esporte mundial.
O senhor está confiante na instalação da CPI?
Você passar isso para o dia 15 de novembro, significa mais ou menos inviabilizar. Isto daí é que tem que ser dito à população da cidade do Rio de Janeiro. A população tem que tomar consciência do papel que foi desempenhado por esses vereadores e o que significa isto. Porque em 15 de novembro estará faltando um mês para o término do ano legislativo. Esta casa aqui estará totalmente envolvida com a discussão e votação do orçamento para o ano de 2008.
Então, é conversa para boi dormir chegar nessa altura dos acontecimentos e querer adiar uma coisa que não tem o menor problema de começar a funcionar hoje, até porque você tem que fazer solicitação de contratos realizados entre a Prefeitura e vários órgãos com as empresas que foram responsáveis pela preparação dos jogos. Você tem que fazer solicitação de convênios que existiram. Você tem uma série de coisas que a gente tem que estar logo em ação para ter nas mãos o material e o instrumental necessário e suficiente para você fazer a verificação como deve ser feita. Quer dizer, sem leviandades, com o máximo de seriedade, para tudo aquilo que você for afirmando, se no caso for irregularidade, e identificado quem era responsável por isso, daí serem tomadas as devidas providências, que é você entregar o caso já para a Justiça.
O senhor tem escutado a população a respeito da instalação ou não da CPI?
Tenho. E eu acho que se os moradores começarem a enviar para esses vereadores, os três que votaram pelo adiamento, começarem a enviar e-mail, começar a enviar carta, telefonema, isso e aquilo, já é, digamos, uma ação que de repente pode levar esse pessoal a rever essa posição, pode rever.
Porque o que acontece é o seguinte, você tem hoje neste País a prática do mal uso dos recursos públicos, dos recursos do povo, de forma indevida, e isto daí é levado ao conhecimento da população, todo mundo fica indignado, e fica nisso daí. E sempre que tem havido uma reação mais forte, mais expressiva por parte da população, às vezes tem dado resultado. Como deu resultado o negócio do Severino Cavalcanti. Como deu resultado na Assembléia Legislativa do Rio aquele auxílio moradia que eles estavam querendo com quase todo mundo morando aqui. Então, aquilo dali, começamos a coletar assinatura, a coisa vai tomando um vulto e quando vira clamor público há uma recuada do lado de lá.
Então eu acho que a população do Rio também deve ajudar a gente nisto daí. O que nós queremos é a apuração da verdade em relação a tudo isto que está sendo levantado como suspeito. Esses Jogos Pan-Americanos são considerados os mais caros de toda a história dos Jogos Pan-Americanos. E mais, se você pegar o que foi gasto nos últimos cinco jogos, somados, o nosso foi mais caro. Tem alguma coisa de não correto nessa história toda. E mais, a Prefeitura inclusive contratou para fazer o planejamento desses jogos uma empresa australiana. Ela pagou mais de R$ 13 milhões para essa empresa, especializada em fazer eventos desse caráter e dessa dimensão.
Se você quiser pressionar os vereadores que votaram contra a instalação da CPI, mande e-mail para nadinhoderiodaspedras@camara.gov.br (Nadinho de Rio das Pedras - DEM)
caiado@carlocaiado.com.br (Carlos Caiado - DEM)laguarana@uol.com.br (Luiz Antônio Guarana - PSDB)